A cidade do Rio de Janeiro, inclusive, a região onde hoje é a Rocinha, era povoada pelos índios Tamoios durante o século XVI (1500-1599). Os tamoios foram a única resistência organizada contra a colonização portuguesa. No entanto, em 1575, as tropas portuguesas massacraram os índios Tamoios e iniciaram o processo de colonização.
Séculos mais tarde, no começo do século XX (1901-2000), a Rocinha surgia na segunda metade da década de 20, a partir da fazenda Quebra-Cangalha, cujo donos eram os irmãos portugueses Braulio Noberto de Castro Guidão e Adriano de Castro Guidão. Antes da criação da fazenda, as terras pertenciam a um fazendeiro português chamado Manoel Fernandes Cortinhas. Antes de retornar para Portugal, no início dos anos 10, ele vendeu a fazenda para o engenheiro Luiz Catanhede por cerca de 50 conto de réis.
Segundo o neto de Adriano, João Castro Guidão, o engenheiro contratou cerca de 15 pessoas para cuidar e morar na fazenda. A área ocupada pela “Rocinha” possuía, originalmente, características rurais. Mas ele não tinha visão de negócios e entregou o terreno à Companhia Castro Guidão, em 1915, através de um acordo para acabar com uma dívida entre ele e o banco criado pelos Irmãos Guidão.
A cangalha era o nome das madeiras que sustentavam e equilibravam os bois. Como a fazenda era íngreme, as cangalhas quebravam facilmente. Daí surgiu o nome Quebra Cangalha porque o ex-dono das terras caminhava com os bois até o alto da Rocinha para plantar café, frutas, legumes e mamona.
Com a construção da Estrada da Gávea e a instalação de energia elétrica, nos anos 30, e a venda dos lotes da fazenda Quebra-Cangalha, havia ali um projeto de ocupação das terras. Apesar de ter vendido alguns lotes, a companhia Castro Guidão faliu em 1938. Muitos moradores não quitaram as dívidas e a população começou a ocupar os lotes da empresa porque diziam que as terras não tinham donos. O asfaltamento da Estrada da Gávea contribuiu ainda mais para a ocupação do morro.
Durante o êxodo rural do Nordeste para o Sudeste do país, Renato Caruso, dono de vasta área na Rocinha, doou para a população em troca de votos para se tornar vereador. O morro cresceu e o Renato não se elegeu.
O crescimento da Rocinha, entre as décadas de 1950 e 1960, chama a atenção das autoridades e a Rocinha é incluída no programa de remoções para os subúrbios da cidade. Os moradores lutaram para não serem removidos através das participações comunitárias, instituições e a igreja católica.
Na década de 1980 a expansão da favela se direcionou para as encostas dos morros do Cochrane e Laboriaux, área da rua Dionéia, ao longo da Vila Laboriaux (Alto do Espigão da Gávea), crescendo para a vertente do bairro da Gávea, com o surgimento da “Vila Cruzado” e da “Vila Verde”, próxima à curva do “S”. A floresta foi cedendo espaços para as edificações, consolidando a atual comunidade, composta de 14 sub-bairros (Barcelos, Rua 1, Rua 2, Rua 3, Rua 4, Roupa Suja, Cachopa, Vila Verde, Macega, Vila Cruzado, 199, Laboriaux, Boiadeiro, Dionéia).
A Rocinha começou a ser rotulada como uma cidade dentro da cidade. Através do Decreto 6.011, a Rocinha recebe o título de bairro pelo poder público, estimando-se uma população de 45.585 habitantes. No entanto, segundo os moradores, a população é superior a 200 mil habitantes.
Referências
Rio antigo: a fazenda Quebra Cangalha e a origem da Rocinha. SILVA, Michel. <Rio antigo: a fazenda Quebra Cangalha e a origem da Rocinha>. Acessado em 10/01/2016.
Território Rocinha. Instituto Moreira Salles. <Território Rocinha>. Acessado em 21/06/2016.
SEGALA, Lygia. Varal de Lembranças: Histórias da Rocinha. Rio de Janeiro: União Pró-Melhoramentos dos Moradores da Rocinha/ Tempo e Presença/ SEC/ MEC. FNDE, 1983, p.181