3ª Conferência de Jornalismo nas Favelas e Periferias debate comunicação e mobilização territorial

Em um cenário de desigualdades e injustiças climáticas, são as denúncias feitas a partir do território local que fortalecem as comunidades

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Jornalistas de diferentes partes do país subiram à favela da Rocinha para participar da 3ª Conferência de Jornalismo nas Favelas e Periferias. A terceira mesa do dia discutiu sobre como as ações de jornalismo impactam na mobilização de um território. A mesa foi mediada por Karen Fontoura, jornalista do Fala Roça, e teve a participação de Ugo Farias, do Coletivo Utopia Negra Amapaense; Thais Siqueira, do Desenrola e não me enrola; e Madalena Vieira, do Abaré Escola de Jornalismo

Por meio de formações, arte e educação, o jornalismo local é fortalecido em diferentes partes do Brasil

O debate foi em torno dos territórios do Rio de Janeiro, Amapá, São Paulo e Amazonas. Em um cenário de desigualdades e injustiças climáticas, são as denúncias feitas a partir do território local que fortalecem as comunidades. Foi assim em Ilha Redonda, em Macapá. Essa e outras comunidades quilombolas ficaram em situação de vulnerabilidade. Daí, a primeira ação do coletivo usou o jornalismo para ajudar essas famílias. 

“Sempre nos perguntamos: como a comunicação pode ajudar nesse cenário? Tinham 13 municípios que estavam sem água, sem energia e sem comida. Eu já tinha feito compras naquela semana e saí distribuindo o que tinha. Essa foi a primeira ação para contribuir com o jornalismo no Amapá e trazer visibilidade para a população. Também levamos informações sobre exploração do petróleo. Além de buscar entender como as pessoas se identificam com a vida, o trabalho e as questões climáticas”, explicou Ugo. 

O Desenrola e Não Me Enrola faz um trabalho de conteúdo e formação de identidades culturais e pessoas periféricas. Thaís destacou a importância de compreender o jornalismo local como um trabalho coletivo. Existir junto e se fortalecer apesar das fronteiras que dividem os estados é fundamental para garantir que as próximas gerações tenham acesso a um futuro digno.

Já no norte do país, a Abaré Escola de Jornalismo mescla comunicação com educação. O projeto ocupa as escolas das periferias de Manaus para ouvir as vozes de crianças e adolescentes para incentivá-los a pensar seus territórios de uma outra forma. Para Madalena, é importante que elas saibam se defender das violações que sofreram. 

“Na pandemia, buscamos entender como os artistas manauaras estavam sendo afetados. Também criamos o Observatório da Violência contra Jornalistas em período eleitoral.  Precisamos praticar futuros possíveis. Em todos os lugares do Brasil, temos complexidades e as organizações têm dificuldades para sobreviver. Então é preciso ser continuação de um sonho misturando educação e jornalismo para se defender das violações que sofrem todos os dias”, disse Madalena.

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