Dança, música, cores e empreendedorismo. Saiba como foi o primeiro dia do Viradão Cultural da Rocinha

Da Biblioteca Parque às ruas da favela, o evento reuniu debates, empreendedorismo, diversidade e celebração em mais uma edição marcada pela força cultural da comunidade.

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O primeiro dia do Viradão Cultural da Rocinha, pelo segundo ano consecutivo, transformou a Biblioteca Parque da comunidade em palco principal de uma grande festa, onde os moradores foram os verdadeiros protagonistas. O evento ofereceu um dia inteiro de atividades: debates com ampla participação popular, apresentações artísticas de diferentes manifestações culturais e até uma parada LGBTQIAPN+, que fez o trânsito intenso da favela parar para vibrar, dançar e celebrar.

Logo na entrada, quem chegava ao evento era recebido por uma figura carismática e conhecida em todo o Brasil: o Zé Gotinha, acompanhado de uma equipe de vacinação da Secretaria Municipal de Saúde, que passou o dia imunizando o público. No 2º andar, os debates e palestras ocuparam espaço, com falas emocionadas sobre a importância da indústria criativa nas favelas. Aloísio de Jesus, coordenador da biblioteca, falou com a voz embargada: “A biblioteca acontece por causa de vocês. Quem faz e quem acredita na biblioteca são vocês”. O clima de emoção ganhou ainda mais força quando Michel Silva, diretor do Fala Roça, ergueu a própria carteirinha do C4, orgulhoso de realizar ali, mais uma vez, o Viradão. “Essa segunda edição mostra a continuidade dos diálogos, da união comunitária e o fortalecimento da cultura aqui na Rocinha”, destacou.

Equipe do Viradão Cultural da Rocinha 2025 e convidados após a mesa de abertura. Foto: Daniel Grehs

No terceiro andar, os visitantes encontraram os livros da biblioteca, enquanto no 4º andar estavam o empreendedorismo e as oficinas. Camisetas, pins, plantas, máscaras artesanais e outros produtos ocuparam as mesas dos expositores. Entre eles, Carolina Sampaio e Maria Cecília, com artigos da iniciativa SóCria, projeto sociocultural que promove encontros para potencializar a educação e a cultura na favela. “O SóCria é muito importante para jovens e adultos que sonham em entrar na universidade. Hoje eles têm um espaço que antes não existia”, contou Maria Cecília. Para Carolina, o Viradão mostra a riqueza da Rocinha: “Esse é um lugar onde você conhece um pouquinho de cada um. Com eventos como esse, a gente encontra pessoas do mesmo território que ainda não conhecia, mas que representam muito a favela”.

Projeto Cozinha de Mãe foi um dos pontos culturais que mostraram o trabalho no Viradão Cultural. Foto: Daniel Grehs

No quarto e último andar, toda a atenção se voltava para o palco, com um visual que só a Rocinha é capaz de oferecer. Ali, artistas locais se apresentaram para o público. Entre eles, o MC Fahel Nigga, que dividiu o espaço com outros artistas que, como ele, batalham para conquistar visibilidade. “Hoje a gente pode mostrar a nossa arte. Isso não tem preço, mano. Há muito tempo a gente vem batalhando por espaços como esse. Estar aqui hoje é muito significativo na nossa trajetória”, disse.

O Viradão ainda marcou a realização da parada LGBTQIAPN+, que tomou conta da Estrada da Gávea. Músicas animadas, performances e celebração se misturaram à participação dos moradores, que dançaram juntos em um clima de acolhimento e diversidade.

Parada LGBTQIAPN+ no Viradão Cultural da Rocinha. Foto: Daniel Grehs

E o evento também foi de esperança. Entre os momentos mais inspiradores, foi a fala de Ingrid, jovem do Complexo do Chapadão, que assistiu ao debate “Juventude e identidade – Como a juventude se conecta com a ancestralidade e cria novas expressões na favela”. Emocionada, ela falou sobre como a Rocinha respira cultura e inspira outras comunidades. A mesa, mediada por Camila Carvalho, da Agenda 2030, também se emocionou. Para o secretário nacional de Juventude, Ronald Sorriso, que estava na mesa do debate, o intercâmbio vivido por Ingrid foi simbólico: “Esse encontro vai plantar uma transformação na comunidade dela. Isso é o que chamamos de enraizamento, de conexão e do florescimento de um novo amanhã protagonizado pelas nossas favelas”.

Ronald Sorriso, Secretário Nacional de Juventude, debatendo sobre juventude e identidade no primeiro dia do 2º Viradão Cultural da Rocinha. Foto: Daniel Grehs

Texto: Rafael Costa, Voz das Comunidades, parceiro Viradão Cultural da Rocinha

Edição: Tatiana Lima, Fala Roça

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