“O mundo precisa de um Viradão Cultural da Rocinha para descobrir quem somos”, afirma Carol Barbosa, comunicadora 

Mesa de encerramento do evento traz reflexões sobre as lutas e conquistas da comunidade LGBTQUIAPN+ na Rocinha

compartilhe!

Um dia após a Parada LGBTQIAPN+ da Rocinha, o Viradão Cultural da Rocinha debateu a potência da diversidade no território. A mesa “O papel das vivências e lideranças LGBTQIAPN+ nas transformações do território” deu voz a quem luta diariamente pela causa.

O encontro destacou vozes invisibilizadas e trouxe à tona questões educacionais, trabalhistas e do dia a dia da população LGBTQIAPN+. Durante o debate, Carol Barbosa, moradora e comunicadora da Rocinha, foi enfática ao afirmar: “De todas as empresas que eu passei, nenhuma tem preparo para lidar com uma travesti. É por isso que, muitas, desistem. Eu estou trabalhando por sobrevivência, porque quero chegar mais longe, mas nem todas têm essa oportunidade ou esse preparo mental”.

O espaço reuniu pessoas comprometidas em fortalecer a luta por direitos da população LGBTQIAPN+. Mariana Oliveira, de 26 anos, tirou dúvidas sobre como construir espaços seguros de acolhimento e lazer para a comunidade LGBTQIAPN+ na Rocinha. “Como posso criar espaços seguros pros meus amigos? Onde ocupar? Como você faz pra criar isso?”, perguntou.

A questão foi direcionada a Wesley Silva, coordenador do Sarau LGBT da Rocinha e drag oficial da Parada 2025, que compartilhou sua experiência à frente de iniciativas locais: “O foco é continuar fazendo esse movimento. É a gente conseguir se movimentar, levar essa arte pra dentro das famílias, pra tirar essa visão negativa.”

Já Iago França, pesquisador na área de contabilidade, reforçou a importância da coletividade na ocupação de espaços e na construção de ambientes mais inclusivos: “Se a gente não falar das nossas questões, não seremos aceitos. Eu vou ficar mais confortável se estiver mais conectado com os meus, porque não quero ser uma história única dentro desses espaços.”

Ele lembrou que o espírito de mobilização vem de casa: “Minha mãe participou do movimento grevista”. Monique Silva, organizadora do Viradão Cultural da Rocinha, destacou que a comunicação é uma ferramenta para criar ambientes mais acolhedores para a população LGBTQIAPN+ da Rocinha. 

Para Carol Barbosa, “ter mais espaço para falar sobre diversidade em eventos, como o Viradão” serve de porta de entrada para a promoção da autoestima da comunidade e a oportunidade para descoberta de talentos. “Aqui não falamos só de diversidade, mas também do talento da nossa comunidade [LGBTQUIAPN+], na culinária, na arte, em tantas áreas. É um espaço bonito para debater e mostrar que a Rocinha, assim como outras comunidades, tem potência cultural em nível municipal, nacional e até internacional. O mundo precisa de um Viradão Cultural para descobrir quem somos.”

Assine o Fala Roça

Receba as notícias por e-mail