Lideranças comunitárias mostram como podem pautar clima, raça e gênero em painel de conferência de jornalismo local

Veículos Entre Becos, Desterro e Sargento Perifa foram convidados para o diálogo na 3ª Conferência de Jornalismo das Favelas e Periferias, que ocorre na Rocinha

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A mesa de encerramento do segundo dia da 3ª Conferência de Jornalismo de Favelas e Periferias, na Rocinha, trouxe a pauta do clima, da raça e do gênero para discutir como veículos locais podem cobrir os temas e provocar incidência em políticas públicas. O painel teve como convidados os jornalistas Brenda Gomes, Gilberto Luiz e Gabriele Oliveira para mostrar exemplos práticos de trabalhos no território em que atuam. 

A conversa foi mediada por Tatiana Lima, coordenadora de jornalismo do Fala Roça e começou com uma rodada de apresentações dos representantes dos veículos comunitários. Cada debatedor teve 15 minutos para destacar produções jornalísticas. 

Jornalistas locais debatem sobre como podem pautar clima, raça e gênero na 3ª Conferência de Jornalismo de Favelas e Periferias. Foto: Igor Siqueira

Inicialmente, o público acompanhou Brenda Gomes, coordenadora da Entre Becos, mídia local das periferias de Salvador. Ela listou pautas jornalísticas produzidas como a ausência de lixeiras em bairros periféricos da cidade e o impacto do racismo ambiental.

“Já fizemos diversas reportagens que mostram como a população [periférica] sofre, principalmente com alagamentos. Lá na minha terra [Salvador], atuamos com jornalismo local que se preocupa com o morador. Utilizamos o jornalismo como ferramenta política e a comunicação como reparação histórica”, disse Gomes. 

Já a cofundadora do Desterro, Gabriele Oliveira, contou como surgiu o veículo periférico de Florianópolis. A jovem, que também é diretora de pessoas e projetos, também mostrou reportagens que denunciam a violência policial nas comunidades do Estado e a ausência do poder público.

“O Desterro surge em um contexto de apagamento social. Nós usamos o jornalismo como tecnologia de protesto. É uma tecnologia de resistência para contar histórias que não querem que sejam contadas. Acredito no jornalismo que eu e todos [presentes no evento] fazem como tecnologia de resistência”, destacou Oliveira.

Na zona norte de Recife, Gilberto Luiz relembrou como o veículo Sargento Perifa atua no Córrego do Sargento. A liderança comunitária trouxe como case o recenseamento demográfico que fizeram no bairro durante a pandemia da Covid-19. 

“Para entender a demanda da comunidade e com quem estávamos lidando, tivemos que fazer um mapeamento como o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir disso, surgiram outros projetos que fomentam o engajamento local, identidade racial e educação política”, compartilhou Luiz. 

“Temos mais de 60 mulheres negras [na comunidade] engajadas em pautas raciais. Nas pautas que defendemos em combate a desigualdade social, racial”, completou.

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