
Apresentações culturais, economia criativa e justiça climática ‘tomam conta’ do segundo dia de Viradão Cultural da Rocinha; veja como foi
Favela reuniu debates, oficinas e apresentações artísticas em evento que ocupou todos os andares da Biblioteca Parque
Nem o tempo nublado atrapalhou o fluxo de visitantes no segundo dia do Viradão Cultural da Rocinha, que aconteceu neste domingo (14), no Biblioteca Parque do território. O evento foi marcado por uma intensa programação que transformou o espaço em um polo de cultura, sustentabilidade e inclusão social.
O Viradão reuniu moradores, artistas, empreendedores e lideranças comunitárias em debates, oficinas, feiras e apresentações artísticas que reafirmaram a força cultural e social da favela. Logo pela manhã, o debate sobre justiça climática e território destacou os impactos da crise climática nas favelas e alternativas sustentáveis, com Flávio Gomes, coordenador do Horta na Favela, Rose Firmino, voluntária do coletivo Amigos do Parque Ecológico da Rocinha, e Michel Silva, editor-chefe do veículo Fala Roça.
Flávio Gomes, do projeto Horta na Favela, compartilhou sua experiência com a produção de mel e tilápia em caixas d’água como forma de promover alimentação saudável e cultura sustentável: “As lideranças têm um papel fundamental em mostrar que sustentabilidade é cuidar do planeta e das nossas espécies”, afirmou.
À tarde, a mesa sobre diversidade e protagonismo LGBTQIAPN+ reuniu lideranças e artistas da Rocinha e do Rio, como Wesley Silva e Carla Barbosa, para discutir os papéis das vivências na transformação do território. A acessibilidade também foi garantida com tradução em Libras durante os debates.
A feira de economia criativa, que ocupou o 4º andar, reuniu expositores de diferentes áreas, com camisetas, plantas, artesanato, livros e produtos alimentícios. Um dos destaques foi o projeto Cozinha de Mãe, de Marinete Silva, que há oito anos produz geleias e doces integrais a partir do aproveitamento completo dos alimentos. “O projeto é geração de renda e educação alimentar”, explicou.
O Viradão Cultural da Rocinha, que começou a ser produzido no fim de junho, conta com cerca de 48 pessoas na equipe fixa, sendo 18 do Fala Roça. Camila Perez, produtora executiva da 2ª edição, celebrou o sucesso de público e o impacto gerado na cultura e empreendedorismo local.
“Eu fico muito feliz em participar do Viradão, porque eu vi o evento nascer. Claro que, como produção, a gente fica muito tenso, porque quer que tudo saia perfeito. Mas o que mais me motiva são justamente os desdobramentos que o Viradão traz: os impactos nos pontos de cultura, na gastronomia, ver que a galera está vendendo tudo e conseguindo tirar dali a grana do mês, pagar contas. Isso me emociona.”
Ela conta que um dos momentos mais marcantes foi visitar a instalação “Pessoas Invisíveis”, no segundo dia de evento: “Eu chorei. Como produção, não consigo ter muito tempo para andar e curtir, principalmente no primeiro dia. Hoje consegui esse momento, de conversar com os produtores e empreendedores. O feedback deles foi muito positivo e isso já me faz pensar no Viradão do ano que vem, porque a cabeça não para.”
Ao longo do dia, as apresentações artísticas se espalharam pelos andares, com capoeira, jazz funk, danças urbanas, teatro e espetáculos inclusivos. O 4º andar da Biblioteca Parque, espaço onde foi montado um palco para os shows, o público disputava lugarzinho para assistir os shows. Até o corredor de acesso lotou.
O dia também contou com oficinas de dança, arte-terapia, contação de histórias e confecção de pranchas, além da presença do coletivo Rocywood, que exibiu curtas produzidos na comunidade. A última apresentação da noite contou com a Roda Cultural da Rocinha com batalha de MCs com improvisos e rimas que contagiaram o público.
Texto: Danilo Castro, Voz das Comunidades, parceiro Viradão Cultural da Rocinha
Edição: Tatiana Lima, Fala Roça