Entre janeiro e junho de 2023, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 628 pessoas com úteros tiveram acesso gratuito ao método contraceptivo do Dispositivo Intrauterino, popularmente conhecido como DIU, na Rocinha. Os dados foram obtidos pela Lei de acesso à informação (LAI).

O número já representa um aumento de 42,9% em relação ao número de pacientes atendidos no ano passado. Uma vez que, ao longo de todo o ano de 2022, foram 879 pacientes atendidos para inserção do DIU gratuitamente nas três unidades de saúde da Rocinha: Centro Municipal de Saúde Doutor Albert Sabin e nas Clínicas da Família Rinaldo de Lamare e Maria do Socorro. 

O DIU, é um objeto pequeno em formato de T, inserido no interior do útero, que serve como método contraceptivo ao impedir o contato dos óvulos com o espermatozóide, evitando a fecundação e, portanto, a gravidez. O dispositivo tem mais de 90% de eficiência e é mais uma opção para ajudar no planejamento reprodutivo da população.

Na cidade do Rio, o Sistema Único de Saúde (SUS), disponibiliza dois tipos de DIU: o dispositivo intrauterino de cobre e o DIU hormonal Mirena. “Colocar o DIU foi bem rápido. O problema é a revisão para ver se o DIU está no lugar certinho”, conta Sthefany Melo, de 22 anos. Ela fez a colocação do dispositivo de cobre no ano passado, na Clínica da Família Maria do Socorro. 

Apesar de ter conseguido acessar o método contraceptivo através do SUS, na Rocinha, ela pondera que aguarda há dois meses um exame de ultrassonografia para fazer a revisão do procedimento. “Eu marquei um ultrassom e nada ainda! Se fosse para engravidar, eu engravidaria. O que eles [SUS] pecam é na manutenção que tem que ter”, avalia.  

Entre janeiro e junho de 2023, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 628 pessoas com úteros tiveram acesso gratuito ao método contraceptivo do Dispositivo Intrauterino, popularmente conhecido como DIU, na Rocinha. Fotos: Karen Fontoura

De acordo com informações de funcionários da Clínica Maria do Socorro, a unidade passa por reformas, que começaram no início de junho. Por isso, o equipamento de  ultrassonografia é usado apenas um dia, o que vem causando o atraso dos exames e a fila de espera.

O procedimento para inserir o DIU no útero é feito no próprio consultório médico da clínica onde a pessoa (paciente) fez o pedido. Os responsáveis pela colocação do DIU são os médicos e, em alguns locais, enfermeiros, que receberam o treinamento para inserir o dispositivo. 

Segundo Tainá Pereira, de 25 anos, enfermeira da Clínica da Família Maria do Socorro, localizada na curva do S na Rocinha, conta que, na unidade, até o momento, somente médicos estão autorizados a realizar o procedimento. Mas, ressalta que: “os enfermeiros [da clínica] estão terminando o curso e, daqui há pouco”, a equipe de enfermagem já estará apta a realizar a colocação do dispositivo. 

Para fazer a inserção do DIU pelo o SUS, não é necessário nenhum exame. “O que fazemos é explicar para as pessoas como funciona cada tipo de DIU, porque têm pessoas que sofrem com cólicas intensas e, outras, têm endometriose. Então, tentamos orientar qual seria o melhor DIU para aquela paciente. Mas, [o DIU] não tem nenhuma contraindicação”, explica Tainá. 

Inclusive, ela ressalta haver restrição de idade mínima para acessar o método contraceptivo no sistema público de saúde. Sendo apenas necessário a pessoa já ter iniciado a vida sexual e não ter a intenção de engravidar em um curto período de tempo. 

Por isso, o DIU não serve como um método contraceptivo antecessor à primeira relação sexual, sendo o uso de pílula anticoncepcional e camisinha os métodos mais indicados para este caso. 

Tipos de DIU

No total, existem três tipos de Dispositivo Intrauterino: o DIU mais antigo (de cobre), o de prata, e o hormonal, que pode ser da marca Kylenna ou Mirena. No Sistema Único de Saúde (SUS), os mais encontrados são os dispositivos de cobre e a opção hormonal Mirena. 

A principal diferença entre eles está no efeito sobre a menstruação. Enquanto o DIU de cobre aumenta o fluxo menstrual (podendo causar ou piorar a cólica menstrual), o DIU hormonal (Mirena) deixa a mulher sem menstruar ao longo do uso .

O DIU de cobre não tem nenhum hormônio e chega a durar até 10 anos. Ele é indicado para as pessoas que querem cortar totalmente o uso de métodos anticoncepcionais hormonais, podendo ser usado até durante a amamentação. 

Já o DIU Mirena age liberando pequenas doses de progesterona (hormônio) no organismo. Assim, impede a fixação do óvulo no útero e, consequentemente, inviabiliza sua fecundação. Pode reduzir o fluxo menstrual e, em alguns casos, até parar a menstruação. A frequência das cólicas também pode diminuir. O DIU hormonal Mirena tem duração em média de 5 anos e pode ser colocado a partir de seis semanas pós-parto. 

Ambos dispositivos podem ser retirados quando a paciente desejar e/ou assim que passar a data de validade do DIU. Nos dois casos, a pessoa paciente deve marcar para efetuar o procedimento da troca ou retirada do DIU na unidade de saúde em que faz o acompanhamento ginecológico.

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