
“O Brasil tem que exportar a cultura popular e criativa para o mundo”, afirma secretária nacional de Economia Criativa do Ministério da Cultura
Mesa de debate reuniu Governo Federal, Estado e Favela para discutir os caminhos e desafios da economia criativa nas periferias
Uma produção audiovisual, um grupo de dança, um coletivo de percussão, o poder do canto. São expressões como essas que florescem todos os dias nos territórios de favelas e periferias do país, mesmo que, muitas vezes, precisem travar batalhas por reconhecimento e recursos para se manter vivas. Foi sobre essas resistências e potências que a mesa “Economia criativa na favela – Caminhos e desafios para gerar renda, movimentar ideias e fortalecer a arte nas periferias” se debruçou no Viradão Cultural da Rocinha.
Sob a mediação de Iza Botelho, a conversa reuniu Danielle Barros, secretária de estado de Cultura e Economia Criativa, Iara Batista, empreendedora e fundadora do Projet Hope, e Cláudia Leitão, secretária nacional de Economia Criativa do Ministério da Cultura. O diálogo destacou não só a força da produção criativa, mas também o impacto real da cultura nos territórios.
Falando a partir da favela, Iara Batista da Silva compartilhou sua experiência à frente do Projet Hope, que transforma a vida de crianças e mulheres negras da periferia. “Falar sobre potências que estão ao meu lado foi super importante para mim. Aqui [na Rocinha], eu pude me ver e perceber o quanto meu projeto é grandioso”, ressalta. Para ela, a troca com representantes de outros setores amplia horizontes: “Me deram uma visão que eu ainda não tinha percebido.”

Representando o Ministério da Cultura, Claudia Leitão defendeu que o Brasil precisa enxergar a própria produção cultural como potência global. “Aqui na Rocinha, dentro do Viradão Cultural, vemos que o empreendedorismo, que tem a ver com a economia criativa, parte de uma lógica que não é apenas mercantilista. É economia do cuidado, da cidadania, do bem-viver, do bem comum.” De volta ao Ministério da Cultura após 12 anos, ela destacou que o momento é propício para consolidar uma política nacional de cultura: “Com tanta coisa sendo feita, tanta coisa invisível, a política precisa dar visibilidade ao povo brasileiro por sua criatividade.”

Danielle Barros, da Cultura Estado do Rio, ressaltou a potência da mesa e a necessidade de ampliar o olhar para as periferias. “Nós acreditamos nessa economia que é mais justa, circular e sustentável. E que está muito presente, especialmente nas favelas”, afirmou. Ao mesmo tempo, reconheceu que ainda há obstáculos: “Existem políticas públicas já construídas, mas que ainda estão distantes dos territórios.”

Texto: Rafael Costa, Voz das Comunidades, parceiro Viradão Cultural da Rocinha
Edição: Tatiana Lima, Fala Roça