CAPS da Rocinha quebra estigmas e leva pacientes ao cinema para estimular convívio social
A equipe do Centro de Atenção Psicossocial Maria do Socorro Santos (CAPS III), da Rocinha, realizou uma atividade cultural externa gratuita para o cinema com 32 pacientes e profissionais da unidade, no início de agosto (01). As atividades são uma ampliação do tratamento oferecido na clínica, que vai além de consultas e uso de medicamentos, para os pacientes serem incluídos na sociedade.
A sessão de cinema exibiu o filme “Elementos”, da Pixar, lançado em junho deste ano no Brasil. A sessão também contou com pipoca para deixar o lazer mais divertido.
Terezinha Nascimento, de 67 anos, mãe de dois pacientes da unidade, que acompanhou o filho ao cinema, a atividade foi uma oportunidade: “Foi a primeira vez que eu e o Lucas [filho dela] fomos ao cinema. Ele ficou encantado com aquele telão. Foi muito bom!”, conta.
O CAPS é um serviço de saúde do SUS que atende pessoas com transtornos mentais, psicoses e neuroses graves. Ele é um local de tratamento para quadros graves, oferecendo cuidado comunitário intensivo e personalizado. No entanto, o preconceito e a falta de informação da sociedade sobre doenças mentais prejudicam a integração dessas pessoas na sociedade.
Articulações entre terceiro setor e privado
Os recursos para a realização da atividade foram obtidos através de uma articulação da equipe do CAPS com a Associação de Moradores da Rocinha e o Estação NET Gávea, no Shopping da Gávea.
O passeio cultural externo já havia sido realizado anteriormente na unidade. Porém, com grupos menores e utilizando transportes públicos. “O transporte [das vans] fez toda diferença, principalmente para aqueles que têm dificuldade de locomoção, pois fica muito desgastante, né?”, conta Blandina Neder, 63 anos, que faz tratamento no CAPS.
No Centro de Atenção Psicossocial, há 464 pacientes ativos que fazem o acompanhamento regular na unidade da Rocinha, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. A unidade da Rocinha abrange também outros bairros da Zona Sul, como Gávea, Vidigal, Jardim Botânico, Leblon, São Conrado e parte de Ipanema.
Terezinha também destaca que o transporte das vans foi um ganho de qualidade na atividade. “Eu tenho trauma de transporte público cheio, mas quando me falaram que ia ter duas vans para levar a gente, eu fiquei bem para caramba. Até minha pressão baixou”, expressa a mãe do paciente.
Atividades culturais são aprovadas por pacientes
O retorno positivo sobre a atividade cultural de cinema aconteceu durante a assembleia realizada semanalmente pela equipe do CAPS com pacientes e familiares. A reunião, que acontece às segundas-feiras, às 11h, para dar informes e debater demandas dos pacientes.
“O filme foi muito emocionante. Eu até chorei”, conta Patrick Silva, de 31 anos, outro paciente do CAPS. As atividades externas de acesso à cultura do centro de assistência tem o objetivo de desenvolver vivências para fortalecer a autonomia dos pacientes.
Para realização de atividades externas, a funcionária conta que é necessário além dos recursos de apoio de transporte e acesso a equipamentos culturais, também uma equipe do centro de assistência para acompanhar os pacientes. “Estamos com a intenção de realizar mais atividades externas, porém temos que ser bem organizados para não prejudicar o funcionamento da unidade durante as saídas”, ressalta.
O próximo passeio externo já está marcado. A equipe levará um grupo de 33 pacientes até o Maracanã, e contará com sete profissionais da equipe. A ideia foi proposta pelos próprios usuários do CAPS durante a reunião semanal.
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