Infectologista diz que moradores da Rocinha correm risco com coronavírus
O infectologista Carlos Starling, diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, afirma que, uma das portas de entradas do coronavírus na Rocinha pode ser o turismo. A informação foi publicada nesta sexta-feira (13/03) em uma reportagem do Favela em Pauta. “É possível que os turistas estejam portando o vírus. Se estiverem resfriados ou mesmo os indivíduos assintomáticos, nós sabemos que podem transmitir. O que recomendo é que caso os turistas cheguem em determinados locais, não seja feito o cumprimento tradicional de aperto de mão, manter uma certa distância. Isso é importante porque a circulação do vírus no Brasil está vindo de fora para dentro. Então, há sim essa possibilidade”, diz.
“É prudente que os operadores de turismo adotem precauções. Turistas gripados não devem subir nas favelas. Isso tem que ser feito uma triagem com orientação a todos que fazem esse tipo de turismo. Eu entendo que o turismo seja importante na cidade do Rio, para as favelas. Mas nesse momento todos os cuidados devem ser tomados para que a população não seja infectada por pessoas oriundas de regiões onde a circulação viral é muito intensa, principalmente, da Ásia e Europa”.
Atualmente, muitos guias de turismo estão sendo vistos percorrendo a Rocinha com turistas nacionais e estrangeiros. Uma das operadores de turismo, a Jeep Tour, disse que a empresa continuará promovendo visitas ao morro, mas adotaram medidas de segurança higiênicas. A empresa está fornecendo álcool em gel para os passageiros e funcionários e higienizaram os veículos. “Estamos em alerta total e havendo um pedido dessas organizações [Ministério da Saúde e Secretarias Municipais e Estaduais] para suspensão dos serviços faremos de imediato, priorizando sempre a integridade da população carioca, da qual fazemos parte e também de nossos visitantes”, informou a Jeep Tour ao Favela em Pauta.
Em um documento divulgado pela Sociedade Brasileira de Infectologia, em uma primeira fase, o novo coronavírus chega no Brasil apenas com casos importados. Na segunda fase, ocorre a transmissão local, quando quem não viajou contrai o vírus, mas é possível identificar quem o transmitiu. Na terceira e última fase, ocorre a transmissão comunitária. Ou seja, a proliferação do vírus atinge um aumento exponencial no número de casos e não é mais possível identificar o paciente transmissor.
Dependendo da evolução do covid-19 no país, é possível que o Rio de Janeiro entre na terceira fase nos próximos dias ou semanas, devido ao tamanho da população do estado. Por isso, os governos estaduais e municipais estão cancelando aulas em escolas públicas e privadas, eventos desportivos, shows e atividades em cinemas, teatros e museus por pelo menos 15 dias.
Até o momento nenhum caso suspeito de coronavírus foi identificado em áreas de favelas. Áudios e links falsos estão sendo compartilhados em grupos de moradores. O Fala Roça está monitorando o conteúdo compartilhado e poderá responder as dúvidas em sua página no facebook.
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