
Cultura é saúde
Pelo segundo ano, Viradão Cultural da Rocinha reforça compromisso com a saúde ao incluir vacinação na programação
No Viradão Cultural da Rocinha, saúde, comunicação e cultura caminham juntos. A promoção da saúde no território já é tradição durante o evento, e se fortalece até às 18h, no térreo da Biblioteca Parque da Rocinha, onde a população encontra vacinação gratuita.
O público, no primeiro dia do evento (13/09), se animou com a presença do Zé Gotinha, símbolo do Sistema Único de Saúde (SUS), que incentivou os moradores a manter o caderno de vacinação em dia. Estão disponíveis três vacinas: contra a Covid-19, a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e a gripe (influenza).
A parceria entre a organização do Viradão Cultural, realizada pelo Fala Roça e o Centro Municipal de Saúde Dr. Albert Sabin, mostra como iniciativas culturais podem estimular a saúde pública no território. Muitos visitantes e expositores do evento estão aproveitando a ação: “Ah, vou aproveitar para me vacinar”, disse o Luan X, videomaker do evento, mostrando o impacto positivo de unir arte, informação e prevenção.

A diretora da unidade de saúde mais antiga da Rocinha, Maria Helena Carvalho, reforça a importância de ocupar espaços culturais para além dos muros da clínica, aproximando a saúde da vida cotidiana da comunidade. “Durante toda a minha militância em saúde, aprendi que a gente não pode nunca andar sem cultura, educação e saúde. Em todos os espaços, temos que falar: não deixem de se vacinar, não podemos perder a oportunidade”, enfatiza.
No 1º andar da Biblioteca, a equipe de vacinação divide espaço com exposições do projeto Rocinha Sem Fronteiras e do Museu Sankofa, que relembram as lutas históricas da favela. Nesta 2ª edição, o Viradão se afirma não apenas como uma festa cultural, mas também como um espaço de memória e mobilização, lembrando que as conquistas da Rocinha nascem da ação organizada dos próprios moradores.
E a vacinação não foi o único momento em que a saúde ganhou protagonismo no Viradão Cultural da Rocinha. Na oficina realizada pelo Plano Integrado de Saúde nas Favelas, moradores construíram de forma colaborativa uma agenda de saúde para o território, evidenciando questões que atravessam o dia a dia da população e o funcionamento dos equipamentos públicos locais.
Richarlls Martins, pesquisador da Fiocruz e coordenador do Plano Integrado de Saúde nas Favelas, ressaltou os pontos mais levantados pelos moradores na Roda de Conversa: “O tema do saneamento aparece como central. A educação também foi apontada como fundamental, junto com a garantia de qualidade nos serviços públicos de saúde”, relata.
Para ele, a construção da agenda de forma coletiva é uma oportunidade de firmar os valores e fundamentos do SUS, marcar a “participação social” e frisar o quanto “a saúde” não é apenas ausência de doença, mas “bem-estar físico, mental, social e garantia de direitos”. E a cultura, na opinião do pesquisador, “ajuda a desenhar essa perspectiva”.