
Faixas de pedestres começam a ser implantadas na Rocinha e marcam avanço na mobilidade local
Plano de mobilidade inclui novas faixas, sinalização e segurança nas proximidades de escolas e unidades de saúde da favela
A Rocinha passa a ganhar mais mobilidade com novas faixas de pedestres na Estrada da Gávea, principal via que corta a favela. A iniciativa, iniciada em outubro, é executada pela Região Administrativa e marca um passo na organização do trânsito, conhecido pela intensa movimentação de veículos e pedestres ao longo de todo o dia.
Em 2025, segundo a assessoria do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, 101 ocorrências foram registradas no trecho da Estrada da Gávea que atravessa a Rocinha.
Nos dias úteis, o fluxo aumenta ainda mais com moradores que saem para o trabalho, levam as crianças à escola ou resolvem pendências no comércio, em unidades de saúde e bancos. Em muitos pontos, a travessia dependia da organização feita no improviso entre guardas de trânsito, motoristas e moradores, especialmente nos horários de pico.

“A ideia das faixas é trazer segurança e mobilidade para quem mora aqui, para os estudantes, para quem trabalha e também para o turismo, que cresceu muito e tem trazido uma economia melhor para a comunidade”, explica Marcelo Santos, de 42 anos, e gerente da Região Administrativa.
A instalação das faixas de pedestres representa uma mudança esperada há anos pelos moradores. “A ideia é muito boa, mas ainda está faltando sinalização e respeito dos motoqueiros. É importante para evitar acidentes”, ressalta Valdemir Alves dos Santos, de 72 anos, aposentado e morador da Rua 4.
A falta de sinalização afeta principalmente idosos, pessoas com deficiência e famílias com crianças pequenas, que precisam de mais tempo para cruzar a via.
As novas faixas começaram a ser implantadas na parte alta da Rocinha e já se estendem até a Curva do S. Segundo a Região Administrativa, a previsão é concluir outras faixas até o início de novembro, embora o cronograma possa ser afetado pelas condições do tempo e pelo risco de chuva. A pintura vem sendo feita durante a madrugada, quando o movimento de veículos é menor.
Cultura do respeito
Mesmo com a novidade, ainda há desafios para consolidar uma cultura de respeito à faixa de pedestres. Sem sinalização eletrônica, a travessia continua dependendo da atenção dos motoristas. Moradores relatam que alguns veículos e motos têm estacionado sobre as faixas ou utilizado o espaço para descarregar mercadorias. A Região administrativa adverte a atitude e menciona que fará ações de fiscalização.

“A ideia não é prejudicar o morador, mas educar. No entanto, alguns insistem em agir de forma errada e acabam prejudicando a própria comunidade. É inadmissível que uma pessoa estacione o carro na Estrada da Gávea e atrapalhe a passagem de uma ambulância que poderia estar socorrendo um parente dela”, enfatiza Marcelo Santos.
A implantação das faixas é vista como um incentivo para que motoristas e pedestres adotem novas práticas de convivência no trânsito, além de fortalecer a fluidez na mobilidade local e o direito de ir e vir de quem vive e circula pela Rocinha. Os planos para o futuro:
“Tudo é feito em fases. Primeiro vem a implantação das faixas e placas, depois a parte de conscientização. A terceira fase vai ser com palestras da CET-Rio e da Guarda Municipal, principalmente com os mototáxis e moradores, mostrando o quanto o morador também é importante nesse processo”, explica Marcelo.





