Faleceu Nazaré, a carteira comunitária da Rocinha

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A Rocinha amanheceu de luto pela partida de uma de suas figuras mais queridas e emblemáticas, Maria do Nazaré Lopes Matos, carinhosamente conhecida como “Nazaré da Rua 1”. O falecimento deixou mexeu com as lembranças afetivas daqueles que tiveram a sorte de cruzar seu caminho diariamente pelos becos da Rua 1, na parte alta da Rocinha.

Criada na Rocinha, a vida de Nazaré é marcada por atos de generosidade que a transformou em um verdadeiro símbolo de amor ao próximo. Por mais de duas décadas, Nazaré empreendeu a nobre tarefa de entregar correspondências dos moradores e estabelecimentos do morro, sem nunca cobrar ou exigir recompensas. Seu lema era simples e poderoso: “Gentileza gera gentileza”.

Todos os dias, Nazaré se sentava em sua cadeira, na principal entrada da Rua 1, cumprimentando a todos com um sorriso e um aceno amigável. Os repetitivos “Ei, bonitinho!” ou “Oi, linda!” ecoam até mesmo quando não víamos ela por ali. Seu carisma natural e personalidade afável a tornaram uma figura inesquecível para todos que a conheciam. 

Nazaré também ajudou a distribuir exemplares do Fala Roça na Rua 1. Foto: Kita Pedroza

Sua dedicação ia além das entregas de correspondências. Ela também se tornou uma espécie de “guardiã” das crianças da região. Diariamente, Nazaré buscava os pequenos nas escolas locais, esperando que seus pais os encontrassem em seguida. Essa gentileza e atenção afetuosa demonstravam o amor incondicional que ela nutria pelos moradores.

Também apelidada carinhosamente de “Naza” e “Índia”, ela gostava de pegar os ônibus e vans que percorriam a Rocinha e a levava a passeios frequentes pelos bairros da zona sul do Rio. O jeito brincante cativavam até mesmo os mais tímidos.

Nos últimos anos, Nazaré enfrentou desafios de saúde que a levaram a se afastar temporariamente da Rocinha, residindo na casa de familiares em São Gonçalo por um período. No entanto, seu coração sempre pertenceu à favela que ela amava. Sua partida deixa um vazio imenso, mas sua memória e legado de amor e bondade permanecerão vivos nos corações daqueles que tiveram a honra de conhecê-la.

Nazaré morreu em 9 de agosto. O sepultamento de Maria do Nazaré Lopes Matos acontecerá no dia 10 de agosto, às 14h, no cemitério São João Batista, na capela 05. Que descanse em paz.

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