Mbé, cria da Rocinha, estreia com álbum afrobrasileiro experimental

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Luan Correia dos Santos, 25 anos, nascido e criado na Rocinha, vem despontando no mercado sonoro digital. Seu primeiro álbum afrobrasilero experimental com 7 faixas recebe como título o nome da favela onde nasceu e já acumula mais de 21 mil visualizações, somando Spotify e Youtube. Mbé, como é conhecido artisticamente, usa samples inspirados em diversas vertentes musicais.

A convivência com Negro Leo, Juçara Marçal e o produtor Bernardo Oliveira em seu ambiente de trabalho serviu como inspiração para que Mbé viesse ser o que é hoje. O álbum “Rocinha”, com 23 minutos, transporta o ouvinte para uma viagem por diversos locais. Uma verdadeira imersão, seja pelo interior da Bahia, onde parte da sua família veio, pelo continente Africano ou pelos becos da Rocinha. 

Mbé traz originalidade na música experimental carioca com o álbum ‘Rocinha’. Foto: Osvaldo Lopes

Luan Correia vem de uma família de origem baiana e cresceu pelos becos da Rocinha. No disco, as vivências dos anos morando na favela ficam evidentes. Ele decidiu sair do morro em 2018.

De mudança marcada para o Rio Comprido, na zona central do Rio de Janeiro, a primeira estranheza na época se deu logo pela calmaria do bairro onde vive hoje. “Quando fiz essa mudança teve um impacto. A Rocinha não para, é 24h por dia, quase tudo funcionando e no Rio Comprido é calmaria total. Quase não se escuta nada nem se vê, isso também interferiu positivamente no meu trabalho.”. 

O sonho de ser jogador de futebol deu lugar a outra faceta do jovem: o de artista. Mbé costumava fazer visitas espontâneas a Audio Rebel, em Botafogo, berço de diversos artistas independentes e com uma forte pegada experimental. Foi assim que aos poucos Luan foi conhecendo diversas pessoas do cenário e aprendendo com cada um durante 5 anos em que trabalhou no estúdio, “Mandei um e-mail para eles dizendo que era estudante, não tinha instrumentos, gostava de música, não sabia nada tecnicamente, mas gostaria de aprender e trabalhar lá”, conta o artista.

Na Audio Rebel, Luan assistiu a shows dos mais diversos artistas, alguns presentes em seu álbum como a voz de Juçara Marçal, Luizinho do Jejê e José Mekler, com quem já fez um duo chamado Ó Só. Além desses talentos, foi lá que Mbé conheceu o produtor Bernardo Oliveira, responsável por assinar a produção do primeiro álbum de Luan Correia.

Na capa de seu álbum Mbé traz a foto 3×4 da carteira de trabalho de uma mulher negra com cabelo curto, vestida e de expressão doce. Trata-se de Rosilene Correia, mãe do artista. “Ela sempre me apoia em várias coisas, inclusive, a meu pedido ela levou a foto até o trabalho e  escaneou para que eu pudesse usar. O disco foi lançado em março, mas eu só consegui definir a capa em dezembro e tinha que ser ela. A única certeza que eu tinha era de que a capa tinha que ter um rosto”, explica ele que chegou a procurar outros rostos e pinturas.

A escolha do nome artístico Mbé, palavra que vem do yorubá e significa “ser” e “existir”, aconteceu quando o cantor encontrou um dicionário na biblioteca da casa de Bernardo Oliveira. O cantor e produtor Kiko Dinucci, do grupo Metá Metá, explicou a Luan como seria dali em diante a pronúncia do nome escolhido. Apesar de ser determinado, o disco levou 2 anos para ficar totalmente pronto, embora o título ‘Rocinha’ já estivesse na sua cabeça há mais tempo.  

Traçando planos para o futuro, Mbé planeja fazer shows com o álbum Rocinha, já que o mercado sonoro voltou há poucos meses a realizar shows com platéia. Paralelo a isso, o artista se prepara para se apresentar na Bienal do Livro, dia 25/11, em São Paulo.

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