Mutirão de grafite revitaliza muros da Escola Municipal Paula Brito e da bica da Rua 3

Sob a condução de Malu Vibe, as duas intervenções reuniram artistas de várias regiões do Rio para revitalizar muros da favela no mês de outubro 

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O mutirão de grafite realizado pelo projeto Spray Cultura, no último domingo, 26, e idealizado pela artista Malu Vibe, movimentou moradores e artistas durante dois dias em torno da revitalização do muro da Escola Municipal Francisco de Paula Brito, a primeira escola pública da Rocinha. 

Mutirão de grafite revitaliza muro da Escola Municipal Paula Brito e bica da Rua 3. Foto: Fotogracria

Em um país que ergue estátuas para escravocratas e os chama de heróis da história, grafiteiros das periferias pintam nas paredes os verdadeiros rostos da resistência: moradores de favela que fazem da união e dos mutirões uma forma de transformar a Rocinha.

“Me desenha aí também!”, pediu Antonia do Nascimento, de 79 anos, ao passar pelo beco Paulo Brito, na parte alta, e ver um grupo de grafiteiros colorindo o muro da favela.

“É uma coisa que chama atenção da gente, ficou lindo, maravilhoso e qualquer um pode ver e aprovar”, ressalta Antonia, moradora da região, sobre a intervenção artística.

Organizado pela artista, o muro que já havia sido pintado por ela em um mutirão anterior, em 2019, ganhou novas cores com o apoio de cerca de 15 artistas vindos de diferentes regiões do Rio, como a Baixada Fluminense, Zona Oeste e Zona Norte.

“A Rocinha foi construída a partir de vários mutirões. Eu, como artista que nasci e me criei aqui, também tenho o dever de contribuir com o que faço, que é o grafite”, afirma Malu Vibe, coordenadora do projeto.

Com o apoio de organizações locais, a ação se tornou exemplo de como a colaboração coletiva pode fortalecer iniciativas culturais dentro da favela. Os grafiteiros também contaram com o suporte da Cozinha Solidária Elizia Pirozi, que distribuiu quentinhas para os artistas e moradores envolvidos na intervenção.

“Parcerias entre movimentos sociais e lideranças da favela são fundamentais para gente mudar, de fato, a nossa realidade e fazer da Rocinha um lugar mais vivo, com mais arte, comida e futuro para nossas crianças e jovens.”, explica Antonio Brito, de 26 anos, coordenador da cozinha solidária. 

Apresentações artísticas como capoeira também fizeram parte do dia cultural. Foto: Karen Fontoura

Além das parcerias, o mutirão também reservou espaço para mais uma homenagem: uma moradora, Eduarda Silva, de 20 anos, retratada no muro, gesto recorrente nas ações do projeto, que faz questão de destacar a beleza, a força e a representatividade das pessoas que vivem na Rocinha.

“Eu espero que os moradores tenham cuidado, porque os artistas também tiveram trabalho para poder pintar isso aqui tudo. Veio gente de longe para ajudar. Então, espero que o povo valorize e dure muito”, enfatiza Eduarda, que é cria da região e ajudou na organização do mutirão. 

Eduarda Silva, moradora homenageada, posa para foto ao lado da arte e do artista que a retratou no muro da Paula Brito. Foto: Fotogracria

A atividade é resultado do edital ‘Territórios em Foco’ que forneceu um recurso financeiro para realização de oficinas, intervenções artísticas e pagamento dos artistas na Rocinha. As oficinas foram oferecidas pela Malu Vibe para as crianças do projeto, durante um mês, no Centro de Educação e Cultura da Rua 3, conhecido como projeto do Nando. 

“O legado que fica é ver a comunidade participando e querendo mais, porque sozinha a gente não faz nada. Nosso objetivo é estarmos unidos por um só propósito: colorir vidas”, finaliza Malu Vibe.

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