A “rotina” desagradável de quem precisa das linhas de ônibus na Rocinha

Nos últimos 20 anos, a Rocinha já teve quatro linhas de ônibus circulando, mas o número de linhas foi reduzindo
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Não é de hoje que moradores da Rocinha enfrentam dificuldades com transporte público na favela. As linhas de ônibus que circulam pela principal via que corta o morro: a 538 e 539 tiveram a frota reduzida e ainda têm horários irregulares, causando transtornos e reclamações para a maior parte dos usuários. 

Em nota ao Fala Roça, a Secretaria Municipal de Transportes afirma que “de acordo com o planejamento atual da SMTR, a linha 538 deve cumprir 26 viagens diárias de ida e volta com intervalos médios de 26 minutos nos horários de pico. Já a linha 539 deve cumprir 74 viagens diárias de ida e volta, com intervalos médios de 11 minutos nos horários de pico”.

A Rocinha já teve quatro linhas de ônibus circulando, mas o número de linhas foi reduzido. A linha 591, tornou-se 539, a 546, que já circulava como 537 e 592, agora, é a atual 538. Com isso, somente duas linhas passam na Estrada da Gávea.

A linha 538 faz o trajeto Rocinha-Leme, passando pelos bairros do Jardim Botânico e Botafogo. Já a linha 539, que vai também até o Leme, no trajeto percorre os bairros do Leblon, Ipanema e Copacabana. Diariamente centenas de pessoas dependem dessas linhas de ônibus para circular dentro e fora da Rocinha. 

Priscila Souza, 32 anos, moradora da  Rua 1, na parte alta do morro, relata a dificuldade do dia a dia devido a falta de ônibus na Rocinha. “Eu tenho duas filhas, uma vai de ônibus escolar porque ainda é muito nova e fica na creche ali na Gávea. Já a mais velha de 10 anos vai comigo na van apertada. Todo dia levo ela para escola, que é caminho do meu trabalho, mas não temos condições de esperar o ônibus porque demora muito e já chega na parte alta muito lotado. As vans não aceitam o RioCard da minha filha, então, a ida dela eu tiro do meu bolso e, na volta, ela pega o ônibus um pouco mais vazio e passa o cartão”. 

A lotação dos transportes e o horário irregular das viagens são as principais queixas dos usuários. Mesmo em meio a pandemia de covid-19 em 2020 e 2021 era possível presenciar os coletivos superlotados, embora circulassem com as janelas abertas, de todo modo havia a exposição ao vírus. 

“Muita gente reclama desses ônibus durante a semana, mas no final de semana consegue ser ainda pior. Os coletivos somem. Eu que trabalho a noite, pego 18h no serviço e saio a meia-noite, nunca vejo esses ônibus. Sou garçom no restaurante aqui da Gávea, se eles existissem no sábado e aos domingos, eu pegava tanto o 538 quanto 539, pois os dois servem, mas cadê?”, reclama Marcelo Paiva, 48 anos, morador da Rua Dois, na Rocinha. 

Em setembro de 2021 o consórcio Intersul entrou em recuperação judicial, conforme noticiado pelo Fala Roça. O grupo é formado por 10 empresas que atendem toda a  cidade do Rio. 

A recuperação judicial é uma ação utilizada por empresas para evitar a falência. O processo permite que as companhias renegociem as dívidas acumuladas em um período de crise, recuperando as atividades e evitando o fechamento, demissões e falta de pagamentos. 

O que diz a prefeitura?

A Secretaria Municipal de Transporte disse que “está monitorando as operações dos ônibus e atestando a quilometragem rodada por meio de GPS. As linhas que não cumprirem a quilometragem mínima exigida não receberam o pagamento de subsídio, conforme disposto em cláusula do acordo judicial”.

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