SUS oferece variedade de tratamentos contraceptivos para a população da Rocinha
Diversidade de tratamentos preventivos e contraceptivos são fornecidos gratuitamente pelo SUS em todo Brasil
A gravidez na adolescência é um problema crônico e antigo no Brasil. Apesar de uma pequena melhora nos números ao longo dos anos, em 2020, segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 380 mil partos foram feitos em jovens com até 19 anos de idade, impactando não só a saúde das pessoas que gestam, mas também o acesso a oportunidades de emprego e estudo.
Os moradores da Rocinha contam com três unidades de saúde, onde é possível obter informações através de consultas individuais e de grupos para lidar com planejamento sexual reprodutivo na favela. São elas: Clínicas da Família Rinaldo De Lamare e Maria do Socorro, e Centro Municipal de Saúde Dr. Alberto Sabin.
A criação dos coletivos sobre métodos contraceptivos e ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) é de grande importância, principalmente, em um lugar como a Rocinha, onde a favela é muito populosa e necessita ter informações sobre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez na adolescência. Caso ocorra de o paciente não comparecer à consulta ou se sentir constrangido, o grupo é uma opção para fazer troca de informações e experiências. Mesmo com baixa adesão no início, hoje, esses grupos
contam com número considerável de pacientes.
“Os amigos tinha sempre aquele negócio: ‘tá maluco, rapaz, você nunca mais vai ter ereção e problemas no futuro’. Então, procurei a unidade de saúde, e participei
de palestras de acompanhamento para entender a função da vasectomia”, explica Fábio Luiz Pessanha, de 50 anos. Ele conta que, quando buscou informações sobre o procedimento cirúrgico, tinha muitas questões que envolviam a masculinidade que foram quebradas, a partir da informação e do conhecimento passado no
Grupo de Planejamento Reprodutivo.
São fornecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) diversos tipos de métodos contraceptivos como: preservativo, contraceptivo oral, DIU (dispositivos intrauterinos), dentre outros. É de suma importância que seja feito um acompanhamento com o profissional de saúde para ter a orientação do que mais se adequa a cada paciente.

Saiba quais são os métodos mais conhecidos
“O contraceptivo oral combinado, é um dos mais conhecidos: é a pílula, que vem na cartela e a pessoa tomar todos os dias. Os contraceptivos orais contêm hormônios sintéticos que impedem o processo de ovulação. Dessa forma, eles atuam de maneira a regular o ciclo menstrual da mulher, evitando que ela tenha um ciclo completo, o que contribui para a contracepção”, explica Raque Ravoni, enfermeira da CF Maria do Socorro, localizada na Rocinha, e uma das profissionais que realiza o grupo de planejamento reprodutivo.
Contraceptivo oral
As pílulas contraceptivas orais combinadas são um medicamento de uso diário que contém dois hormônios (estrogênio e progestina) para evitar a gravidez. O medicamento é fornecido somente com receita médica e, estima-se que sua eficácia seja de 97%, caso seja feito o uso da forma recomendada.
Minipílula
É também um método hormonal via oral, muito procurado por pessoas que buscam anticoncepcionais orais, que contenham a menor quantidade de hormônios sem perder a eficácia contraceptiva. A minipílula é composta apenas por derivados do hormônio progesterona. Ao contrário dos anticoncepcionais orais tradicionais, não contém o hormônio estrogênio na fórmula, sendo assim, é possível que até puérperas façam o uso desse método.
Métodos Injetáveis
Um dos mais conhecidos pelos pacientes, esse contraceptivo combina
progesterona ou uma associação de estrogênios, com doses de longa duração. A injeção pode ser mensal ou trimestral, e deve ser aplicada na região glútea. Além disso, esse método pode ser considerado de uso mais fácil, pois é feito uma vez ao mês ou a cada três meses.
Dispositivos Intrauterinos
São métodos íntimos onde um dispositivo é colocado dentro do útero. Há vários tipos de DIU, mas a principal diferenciação entre eles se dá entre a presença de hormônios ou não (DIU de cobre e DIU Mirena).
O DIU de cobre não contém hormônios e funciona comuma reação inflamatória citotóxica espermicida, alterando a mobilidade e migração dos espermatozóides. Depois de inserido, tem validade de dez anos e é ofertado gratuitamente pelo SUS.
O DIU Mirena possui progesterona em seu material, hormônio que impedirá a fixação do óvulo no útero. Depois de inserido, tem validade de 5 anos e ainda não é ofertado pelo SUS. É importante lembrar que os DIUs não são abortivos. Sua ação impede a fecundação e, consequentemente, a gravidez. É possível obter um passaporte para que a gestante que queira aderir a esse método contraceptivo,
seja atendida nessa questão logo após o parto. Não há uma contraindicação
para o uso do DIU e o ideal é que seja feito o uso a partir do início da atividade sexual.
Implanon (Implante contraceptivo)
O implante contraceptivo é uma das formas de prevenção à gravidez disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Assim como o Dispositivo Intrauterino (DIU), ele é um método contraceptivo de longa duração, podendo permanecer no corpo da mulher por até três anos.
Método contraceptivo de emergência (Pílula do dia seguinte)
Conhecida como a famosa pílula do dia seguinte, esse contraceptivo também está disponível no SUS. O ideal é que o paciente passe por consulta médica para obter orientação a respeito do uso da pílula, pois tem alta taxa hormonal, podendo gerar efeitos colaterais, como a trombose.
Preservativo (Camisinha)
O preservativo é um dos métodos contraceptivos mais seguros e antigos para proteção de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), como HIV, sífilis, gonorreia, e alguns tipos de hepatite. Também é uma barreira eficaz para gravidez
não planejada.
Mesmo sendo um método contraceptivo barato e bastante popular, o uso da camisinha vem caindo entre os adolescentes. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre 2009 e 2019, a porcentagem de jovens (entre 13 e 17 anos) que relatou ter usado o preservativo na última relação sexual reduziu de 72,5% para 59%.
É um resultado que expressa preocupação, pois a tendência segue uma direção que indica maior exposição de contágio de ISTs. Nesse cenário, há a necessidade de ampliar e fortalecer ações de orientação aos adolescentes quanto às práticas sexuais seguras.

Laqueadura
Esse método é ofertado gratuitamente pelo SUS e é uma estratégia de planejamento familiar do Ministério da Saúde. Esse processo envolve diversas etapas, requisitos específicos e considerações médicas importantes.
O primeiro passo é procurar uma unidade básica de saúde, onde a paciente receberá orientações iniciais sobre métodos contraceptivos disponíveis. Caso opte pela cirurgia de laqueadura tubária, que é irreversível, é necessário passar por avaliações clínicas e psicológicas para garantir que a decisão seja tomada de forma consciente e informada, para então ser encaminhada via regulação da Secretaria Municipal de Saúde para o procedimento em uma das maternidades municipais da capital. Neste caso, a paciente deve aguardar o contato da unidade informando dia e horário da cirurgia.
A idade mínima para mulheres optarem pela cirurgia de laqueadura tubária agora é de 21 anos, independentemente do número de filhos vivo. Também foi definido
pelo SUS um prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação de vontade e o ato cirúrgico.
Além disso, não é mais necessário o consentimento expresso de ambos os cônjuges (marido ou companheiro) para a realização de laqueadura tubária. Outra opção para as mulheres é realizar a laqueadura no período de parto. A cirurgia pode ser feita no pós-parto normal imediato por meio de procedimento minimamente invasivo, com incisão periumbilical. Já em caso de cesariana, a laqueadura poderá ser feita durante o ato cirúrgico. Porém, é vedado indicar a cirurgia cesariana para pessoas que gestam, somente em decorrência de fazer esse tipo de procedimento contraceptivo.
Outra mudança importante garantida agora pela lei é que: o histórico de cesarianas sucessivas anteriores não é mais requisito para a realização de laqueadura tubária durante a cesárea, sendo a esterilização cirúrgica em pessoas que gestam durante o período do parto um direito, desde que observados o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o parto, além das devidas condições médicas. O tempo de recuperação de uma cirurgia de laqueadura depende da técnica cirúrgica utilizada, mas dura, em média, 15 dias, com a mulher podendo voltar a fazer atividades físicas e sexuais um mês após a cirurgia.
Vasectomia
O SUS (Sistema Único de Saúde) oferece gratuitamente vasectomia para todos os brasileiros. Para se qualificar, o homem e pessoa trans, deve ter pelo menos 21 anos ou, se for mais jovem, ter pelo menos dois filhos vivos. É necessário esperar pelo menos 60 dias para ter certeza de que quer fazer a cirurgia, pois o SUS não oferece cirurgia de reversão.
Durante esse período, o paciente deve entregar todos os resultados de exames e confirmar que está saudável. Também é necessário ter plena consciência da escolha e concordar com a cirurgia por escrito. O procedimento cirúrgico dura entre 15 e 20 minutos e não requer internação. Não há risco de impotência sexual, mas é necessário usar outro método contraceptivo por pelo menos 90 dias após a vasectomia.
Para o período de pós-operatório, o paciente recebe um atestado médico de 7 dias, incluindo o dia da operação, para voltar e reavaliar a situação e entregar um pedido de espermograma. Depois de 60 a 90 dias com o resultado do exame, o paciente pode ter relações sexuais sem métodos contraceptivos.
Testes para detecção de ISTS grátis
Apesar de não ser um método contraceptivo, o teste é fundamental no controle da disseminação de ISTs e, pode ser feito gratuitamente em unidades básicas de saúde. Esses testes são, primariamente, recomendados para testagens presenciais.
Podem ser feitos com amostra de sangue total obtida por punção venosa, da polpa digital oucom amostras de fluido oral. Dependendo do fabricante, podem também ser realizados com soro ou plasma.
O processo é simples, rápido e sigiloso em todas as etapas, a leitura e interpretação dos resultados são feitas em no máximo 30 minutos. Eles são de fácil realização e não necessitam de estrutura laboratorial. Essa opção de testagem permite aumentar a agilidade de resposta aos usuários, encaminhar com brevidade para assistência médica e início de tratamento, além de ampliar o acesso ao diagnóstico para pessoas que vivem em locais remotos.
Esta matéria foi produzida pela aluna Pamela Torres durante a formação em Comunicação em Saúde na Rocinha, como parte do programa Rede Fala Roça Informa. O projeto foi idealizado pelo Fala Roça e apoiado na chamada pública do Plano Integrado de Saúde nas Favelas. A formação foi conduzida pelo Fala Roça, com o apoio da Fiotec, Fiocruz, Sistema Único de Saúde (SUS) e do Governo do Brasil.