
Viradão Cultural celebra a importância da cultura da favela na Rocinha
Mesa de abertura reafirmou a Rocinha como território de memória e criação coletiva
Assim como todo evento que celebra a acessibilidade e a potência da cultura, comecemos pela imagem. Um painel de quase quatro metros de altura exibe um mosaico de fotos que traduzem a dança, o canto, o debate e a ancestralidade da Rocinha, território que é conhecido como a maior favela do Brasil. É sob essa atmosfera que acontece mais uma edição do Viradão Cultural da Rocinha, trazendo uma programação cheia de música, arte, debate e empreendedorismo.
O coração do evento pulsa na Biblioteca Parque da Rocinha, o C4, espaço querido pelos moradores. A mesa de abertura foi saudada por um “bom dia” forte e coletivo da plateia, que recebeu com entusiasmo os convidados. Estavam presentes representantes do jornal comunitário Fala Roça, do Ministério da Cultura, do Governo do Estado e da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Michel Silva, fundador do Fala Roça, abriu os trabalhos lembrando a origem do projeto. “O Viradão Cultural da Rocinha nasceu do anseio da comunidade. De um espaço para falar sobre o nosso território e movimentar a economia”. Ele também destacou o simbolismo do C4. “Tenho a minha carteirinha da biblioteca há 10 anos. É aqui que tudo acontece”. Danielle Barros, secretária estadual de Cultura, reforçou a relevância da iniciativa. “É um espaço de orgulho para o governo estadual, um dispositivo que devolve a cultura à comunidade da Rocinha”.
A emoção também marcou a fala de Aloísio de Jesus, coordenador da Biblioteca Parque: “Vocês me conhecem como o brigão, mas hoje eu estou emocionado. A biblioteca só existe porque cada um de vocês faz ela respirar e acontecer”. Já a deputada estadual do Rio de Janeiro, Verônica Lima, destacou a força simbólica do encontro: “O Viradão é exemplo de descentralização da cultura. Os grandes eventos não podem ser apenas para uma elite. A cultura é para todos. E os territórios de favela são berços de grandes manifestações culturais”.
O Viradão Cultural da Rocinha segue nos dias 13 e 14 de setembro. Assim como o painel de abertura, cada atividade do evento se tornará um novo registro da potência da favela — reafirmando a Rocinha como palco vivo de arte, música, debate e ancestralidade.
Texto: Rafael Costa, Voz das Comunidades, parceiro Viradão Cultural da Rocinha
Edição: Tatiana Lima, Fala Roça