
Moradores da Rocinha lutam por saneamento básico há mais de 50 anos
A Rocinha nunca foi diferente das demais favelas, sempre conviveu com a politica da ausência estatal nos quesitos moradia, saneamento básico, dentre outros. Não é de agora que os moradores lutam para terem direito à moradia e permanecerem em sua localidade sem o fantasma da remoção.
O crescimento populacional, seguido da necessidade de moradia, aguçou os moradores a serem mais criativos para superar a politica da ausência do Estado. A solidariedade entre os moradores para ultrapassar as dificuldades transformou-se em resistência e luta por direitos.
Os direitos básicos, previstos constitucionalmente e que deveriam ser de todo cidadão brasileiro, infelizmente, para moradores de favelas, só são reconhecidos após muita pressão por meio de mobilização, organização e lutas coletivas.
Os mutirões na Rocinha, por exemplo, eram estratégias utilizadas pelos moradores para se manterem na localidade, contribuindo para a melhoria da saúde, da consciência acerca do lixo produzido, não depositando-o em rios e valas. Tais mutirões, que começaram a surgir na metade da década de 70, possibilitaram reflexões sobre os direitos à coleta do lixo, à água encanada da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), à saúde, etc.
A organização dos moradores nos chamados mutirões contribuiu, inclusive, para a criação do primeiro Posto de Saúde na Favela da Rocinha, há 33 anos – o Centro Municipal de Saúde Dr. Albert Sabin.
Na foto abaixo, moradores fazem uma mobilização convidando a população para limpeza das valas, na região do Campo Esperança, nos anos 80. Observa-se em uma das faixas a frase “A vala é um problema de todos”. Nesta época, existiam casas de alvenaria e barracos em meio ao chão de barro. No fundo, mostra-se o topo de um prédio no bairro de São Conrado.

As mulheres foram fundamentais nos mutirões porque, enquanto os homens trabalhavam fora da favela, elas ficavam responsáveis por resolver problemas do cotidiano, como falta d’água, luz, enchentes e outros.
O grupo “Mulheres Voluntárias da Rocinha”, por exemplo, lutou por melhores condições de vida e contribuiu para que um maior número de moradores, em especial as crianças, pudessem ser vacinadas nas campanhas de vacinação.
Agradecimento
Nós, do Museu Sankofa Memória e História da Rocinha, agradecemos a todos, em especial às mulheres que lutaram e muitas que permanecem lutando para que todas as crianças tenham acesso a saúde e educação.