Consumo de eletrônicos e eletrodomésticos movimenta comércio na Rocinha

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Um grupo de homens conversam e caem na gargalhada na entrada de um beco às margens da Estrada da Gávea. As risadas são substituídas quando um caminhão de entrega de eletrodomésticos se aproxima. “Quem é o da vez? Vai lá!”, grita um dos homens. Os carregadores, como se são conhecidos na favela, são um dos indicativos do poder de consumo na Rocinha.

Com perfis diferentes e menos dinheiro para gastar, moradores optam por comprar eletrônicos e eletrodomésticos na própria favela para diminuir custos e a praticidade. A unidade da Casas Bahia, inaugurada em 2012, na parte baixa da Rocinha, é a principal loja de varejo no morro. Além dela, tem o grupo Ponto Quente, a Achei Móveis, Ortobom e pequenas lojas de móveis com preços de fábrica.

A moradora e diarista Socorro Silva, 59 anos, aproveitou a diminuição de preços na Black Friday e comprou uma televisão no fim do ano passado na Casas Bahia. Em ano de Copa do Mundo, ela espera aproveitar os novos preços para melhorar o quarto da casa. “Queria aproveitar o preço baixo e trocar minha TV por uma maior. Agora quero comprar uma cama e um colchão, a minha já está com buraco” , diz ela que comprou a TV à vista e com menor prazo de entrega. 

O chapeiro Genilson Teixeira, 26 anos, foi de loja em loja para consultar os preços de guarda roupas de casal. Casado há pouco tempo, a possibilidade de parcelar a compra e receber o produto na porta de casa é um diferencial. “As lojas de fora só entregam nas ruas principais, as lojas do morro deixam dentro da sua casa e ainda vem o montador logo em seguida”, conta ele.

Há também as pessoas que compram pela internet e retiram na loja. É o caso da moradora Marcia Marcelino, 37 anos, que comprou uma batedeira após um curso de confeitaria. A compra foi feita minutos depois que uma vendedora da Casas Bahia enviou o link de compra com desconto pelo WhatsApp.

“Compro nessa loja porque gosto da vendedora e é perto de casa para retirar. Não tenho endereço para receber mercadorias, a não ser o do trabalho na Barra da Tijuca, mas não tem ninguém pra receber quando entregam a noite.”, explica ela.

A renda de aproximadamente R$ 1.700 que recebe de um consultório infantil permite que Marcia Marcelino faça compras parceladas em até 8 vezes no cartão de crédito. “Agora não posso mais comprar nada, o cartão está cheio”.

A passagem por um beco na Rua 3 fica interrompido. Dois carregadores tentam passar um colchão por um beco estreito. “Arria, arria”, tenta guiar um dos contratados por uma idosa de 70 anos. A aposentada comprou o colchão parcelado em 10 vezes numa das pequenas lojas do morro.


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