Estrangeiro conta é a vida em uma das maiores favelas do país

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Jonatan Descalzo em sua casa na Cidade Nova, na Rocinha. (Foto: Arquivo pessoal/Jonatan Descalzo)
Jonatan Descalzo em sua casa na Cidade Nova, na Rocinha. (Foto: Arquivo pessoal/Jonatan Descalzo)

Da Espanha ao Brasil, mais precisamente à Rocinha. Jonatan Descalzo, 24 anos, trabalha como gerente em uma rede de hotelaria. Nascido em Barcelona, adotou o Rio como casa em 2012 e não largou a cidade desde então.

Formado em Turismo e Administração, o espanhol foi acolhido não apenas pelos cariocas, mas por uma família cearense. Nessa entrevista para o Fala Roça, Jonatan conta um pouco de sua experiência como morador da Rocinha, com um olhar estrangeiro.

O que fez você vir ao Rio?
Conhecia o Rio porque já tinha visitado em férias passadas. Adorei a cidade e achei exótica. Algum tempo depois, surgiu uma oportunidade de trabalho, e, como sou meio maluco (risos), aproveitei e encarei essa aventura.

O que fez você vir à Rocinha?
Quando vim para cá, comecei morando em Copacabana, porém o alto preço dos aluguéis, que, hoje, já afeta as favelas, me fez procurar outro lugar. Primeiramente, me mudei para o Vidigal, e, logo depois, para uma casa melhor na Rocinha.

Sua visão sobre favela mudou quando você se mudou para uma? Se sim, como?
Sim, antes de conhecer a favela, confesso que tinha medo e insegurança. Mas, logo depois, conheci pessoas da Rocinha e do Vidigal. Pessoas trabalhadoras, incríveis e logo perdi o medo e venci a insegurança facilmente.

Quais são os pontos positivos e negativos que você encontra na Rocinha?
A Rocinha tem uma boa conexão de transportes, agora com o metrô, as opções são maiores ainda. E é incrível a quantidade de comércio e serviços a qualquer hora de qualquer dia. São qualidades quase exclusivas daqui. Em relação aos problemas, o principal deles é a questão do saneamento básico e da limpeza. No Valão, por exemplo, isso é um problema sério. Além disso, quando morei na Vila Verde, sofri muito com a falta d’água, algo que nunca tinha vivenciado antes.

Quais as principais diferenças que você mais sentiu do cotidiano espanhol para o daqui?
Foram muitas mudanças que experimentei. A vida aqui é bem mais agitada e intensa. Coisas comuns aqui como música um pouco mais alta à noite e bebidas alcoólicas nas ruas são proibidas na Espanha. Demorei um pouco para me acostumar.

Através do contato com uma família nordestina, como foi sua experiência com essa cultura e o que você aprendeu com ela?
Aprendi que os nordestinos, em sua grande maioria, são pessoas muito boas e trabalhadoras. Mesmo tendo origem humilde, quando têm a chance, são capazes de fazer o que for preciso para oferecer aos filhos aquilo que eles não tiveram.

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