Ativistas climáticos de favelas participam da GLOCAL Experience para discutir futuro do planeta
Na esteira das mudanças climáticas, a população favelada sofrerá com o desequilíbrio ambiental. Ocupar os espaços de discussões sobre o tema vem sendo importante para as novas gerações, principalmente para quem mora em favelas.
O lema ‘Nada sobre nós sem nós’ ecoou durante nove dias na GLOCAL Experience, que reuniu representantes de diferentes grupos da sociedade, incluindo governo, academia, instituições, setor privado e público em geral que acompanharam as atividades da Expo e a conferência internacional, na Marina da Glória.
Nomes como Pâmela Carvalho, Raull Santiago, Marcelo Rocha, MV Bill, Txai Suruí, Sil Bahia, Amanda Costa, Vinicius Lopes e Kaê Guajajara representaram os povos de favelas, indígenas e periferias brasileiras nos espaços de diálogos e palestras.
Cerca de 38 mil pessoas estiveram no evento. Os participantes discutiram e pensaram em soluções possíveis e ao alcance de todos para cumprir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. Segundo a Dream Factory, realizadora do evento, 170 palestrantes passaram pela conferência, além de mais de 80 horas de palestras.
Pensar justiça climática e racismo ambiental nesses territórios são desafiadores dado que outras emergências como a fome, acesso a moradia e empregabilidade são temas mais urgentes, entretanto, conectado com os assuntos discutidos no evento.
O ativista e morador do Complexo do Alemão, Raull Santiago, explica que os moradores de favelas já sofrem os impactos imediatos da crise. “As inundações, os deslizamentos, a fome, desemprego, tudo isso está dentro do ecossistema dos objetivos globais para o desenvolvimento sustentável. E a favela e periferia são os lugares que vão sofrer, já sofrem ao longo da história impactos imediatos. Isso é uma pauta muito nossa, não das gerações futuras, mais do passado, a gente já é sobrevivente dessa realidade das desigualdades.”, destaca Raull Santiago.
As desigualdades entre países também podem ser comparadas a nível local. Segundo a historiadora e ativista Pâmela Carvalho, moradora do Parque União, do conjunto de favelas da Maré, não é no Leblon ou em Copacabana que a gente observa os maiores impactos do racismo ambiental.
“Esses impactos são conferidos, principalmente nos morros, nas favelas, nas comunidades ribeirinhas. E a gente observa que nesses territórios é onde reside majoritariamente a população negra e pobre. Então é muito importante a gente reconhecer que existe racismo ambiental e quem mais sofre com ele são pessoas pretas, pobres, indígenas e favelados.”, afirma Pâmela Carvalho.
Essa foi a primeira fase da GLOCAL Experience, que tem uma extensa agenda de atividades e compromissos até o fim do ano com foco em um futuro sustentável em 2030.
“Nosso objetivo neste momento era proporcionar um espaço de debate, troca de informações, onde diferentes grupos pudessem trazer informações, falar sobre atitudes que vem alcançando resultados, e pensar em como podemos multiplicar ações positivas efetivas. Já a partir dos próximos dias damos início a um novo momento, que poderá nos levar a ações práticas decisivas para 2030”, conclui Rodrigo Cordeiro, diretor geral da GLOCAL Experience.