Fala Roça participa de seminário sobre saúde, justiça climática e racismo ambiental nas favelas promovido pela Fiocruz

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*Com informações da Agência Fiocruz de Notícias e foto de capa de Daniel Grehs

Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, será o centro dos debates sobre saúde nas favelas e comunidades periféricas do estado, especialmente diante dos impactos das mudanças climáticas. Nos dias 26 e 27 de agosto, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) promoverá o seminário “Saúde, Favela, Justiça Climática e Racismo Ambiental” na sede do Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) do município, uma das entidades selecionadas pela Chamada Pública de Apoio a Ações de Enfrentamento à Covid-19 nas Favelas.

O evento reunirá cerca de 150 lideranças de projetos realizados em 33 cidades e mais de 150 favelas do estado, além de acadêmicos e pesquisadores da Fiocruz. O objetivo é elaborar um diagnóstico coletivo das demandas de saúde nesses territórios e construir uma agenda comum para responder às necessidades da população mais vulnerável. O foco será a preparação para a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém, em novembro de 2025.

Participarão do seminário representantes dos 146 projetos do Plano Integrado de Saúde nas Favelas RJ – uma iniciativa que envolve a Fiocruz, UFRJ, Uerj, PUC-Rio, Uenf, IFF, Abrasco, SBPC e Alerj. Esses projetos já beneficiaram diretamente e indiretamente cerca de 385 mil pessoas, com ações voltadas para segurança alimentar, saúde mental, comunicação em saúde, educação popular e geração de renda. As atividades são centradas no combate à fome, no direito à alimentação adequada, na agroecologia, na saúde mental e na produção de conteúdo para prevenção, vacinação e combate às fake news.

Entre as lideranças presentes estará Karen Fontoura, moradora da Rocinha e integrante da equipe de comunicação do programa Rede Fala Roça Informa, promovido pelo Fala Roça. O programa é uma iniciativa de capacitação em comunicação em saúde na Rocinha, que visa formar moradores como multiplicadores de informações. Com um curso de seis meses, que inclui aulas teóricas e práticas, os participantes recebem certificado e bolsa auxílio mensal.

O principal objetivo é combater a desinformação, criar conteúdos confiáveis e promover ações de conscientização que ampliem o acesso da população ao Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, o curso está na fase final de produção de conteúdo.

“Essa participação é fundamental, principalmente porque estamos nos unindo com outras organizações de favelas que estão pensando a saúde nos territórios favelados. Por muito tempo, a favela não fez parte desse debate, não estávamos nas tomadas de decisão. Mas acredito que o trabalho que faremos neste evento, de juntar essas pessoas para falar sobre saúde, tem um potencial enorme porque estaremos trabalhando em rede, colocando nossas questões em evidência, especialmente sobre o que a favela realmente precisa a partir do nosso olhar”, afirma Karen Fontoura.

De acordo com a organização do seminário, a escolha de Petrópolis foi estratégica devido à vulnerabilidade da cidade às mudanças climáticas, evidenciada pela tragédia das chuvas que, há pouco mais de dois anos, vitimou 235 pessoas, majoritariamente moradores de favelas e periferias. Durante o seminário, serão realizadas visitas técnicas às favelas Independência e Morro da Oficina.

A programação também inclui mesas de debate com a participação da coordenação estadual do Movimento de Atingidos por Barragens do Rio de Janeiro e do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social do Rio de Janeiro, além de grupos de discussão.

Richarlls Martins, coordenador-executivo do Plano Integrado de Saúde nas Favelas RJ, destaca a importância do protagonismo dos moradores desses territórios nas discussões sobre justiça climática e racismo ambiental. “Este seminário reflete o acúmulo dos coletivos de favelas que atuam nesta parceria interinstitucional coordenada pela Fiocruz em prol da saúde nas favelas. A proposta é sistematizar as respostas protagonizadas pela sociedade civil no campo das crises climáticas, que evidenciam processos de injustiça ambiental e afetam de maneira desproporcional a população negra e que vive nas periferias. Há ainda a intenção de produzir subsídios que possam contribuir com a formulação de conteúdos específicos sobre saúde nas favelas para a COP30”, afirma.

Como parte da programação cultural do seminário, no dia 26 de agosto, às 17h30, a Praça da Inconfidência, no centro de Petrópolis, será palco da peça “Rainhas do Quaritêre, do Brasil, do mundo!”, apresentada pelo Núcleo Teatral dos Jovens do CDDH. A apresentação será aberta ao público.

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