Levantamento mostra que só tem uma lixeira de poste instalada na Rocinha
Lixo na rua é um problema recorrente na Rocinha. Um levantamento feito pelo Fala Roça sobre a quantidade de lixeiras de postes instaladas em toda a extensão da Estrada da Gávea, que começa em São Conrado, passa por dentro da Rocinha e termina na Gávea, mostrou que só tem uma lixeira de poste no trecho da Rocinha. Enquanto os bairros vizinhos São Conrado e Gávea possuem, nesse trecho, 17 papeleiras, como são chamadas oficialmente.
As lixeiras de postes podem durar até cinco anos, desde que recebendo limpeza e manutenção adequadas e sendo bem cuidadas pela população. Elas são destinadas apenas a pequenos resíduos, se receberem lixo domiciliar, caixas e uso de força para inclusão de materiais maiores, a durabilidade cai. Cada papeleira custa em média R$ 90,00 aos cofres públicos.
Atualmente, existem 43 mil papeleiras instaladas na cidade. Em 2020, cerca de 2 mil papeleiras foram recolocadas, mas nenhuma na Rocinha.
Usando imagens do Google Street View, comparamos períodos entre 2011 e 2020 no trecho da Estrada da Gávea, na Rocinha. Apenas a lixeira de poste instalada em frente ao Centro Municipal de Saúde Dr. Albert Sabin, na altura da Quadra da Rua 1, resistiu ao tempo e ao vandalismo.
Já a lixeira de poste instalada na Estrada da Gávea, em frente a Primeira Igreja Batista da Rocinha, sumiu. Um comerciante que não quis se identificar disse a lixeira de poste quebrou com o peso porque os moradores começaram a deixar sacos de lixo no local. Já um gari afirmou que a papeleira foi removida do local porque foi danificada após a colisão de um motociclista com o poste.
Nos últimos anos, a 27° Região Administrativa da Rocinha (RA), órgão da prefeitura responsável por administrar o bairro, solicitou a instalação de lixeiras nos postes da Rocinha, mas nunca foi atendida. O ex-administrador regional Jorge Collaro, que atuou na RA entre 2009 e 2015, explica que nesse período foram instaladas várias papeleiras. “Talvez tenham tirado porque aquilo vai quebrando conforme os garis vão esvaziando elas, com o tempo elas quebram”, explica.
Segundo Collaro, a falta de lixeiras nos postes na Rocinha não justifica que não devem ser recolocadas. “A gente coloca 100 papeleiras, se sumir uma ou duas, não justifica as desculpas para não colocarem novamente. A Comlurb foi muito fragilizada com a gestão Crivella, na minha época foi um trabalho de excelência e isso é falta de gestão mesmo”, finaliza Jorge Collaro.
A Comlurb afirma que catadores informais e moradores em situação de rua “também são responsáveis por destruição de boa parte das papeleiras, ao remexer os resíduos em busca de materiais potencialmente recicláveis para vender”.
O administrador regional da Rocinha, Marco Antonio Costa de Oliveira, já solicitou novas papeleiras para a Rocinha. No entanto, não tem obtido êxito nos pedidos enviados a prefeitura. O presidente da Associação de Moradores da Rocinha, Wallace Pereira, também enviou um ofício em julho deste ano ao prefeito Marcelo Crivella cobrando a instalação de papeleiras no morro.
Em nota, a companhia de limpeza disse que fará a reposição de papeleiras na Estrada da Gávea e entorno, mas não informou quando será feito o trabalho e os locais de instalação. “A princípio será no modelo atual. O resultado alcançado pelas papeleiras instaladas no Méier e sua viabilidade ainda estão sendo discutidos internamente.”
O novo modelo que está sendo testado desde 2019 no Méier, zona norte da cidade, é maior, com um metro de altura e 40 cm de profundidade, cabendo o dobro de resíduos das papeleiras atuais.
Toneladas de lixo
Todos os dias é possível observar a circulação de caminhões e tratores da Comlurb na coleta de lixo na Rocinha. Aos domingos, os garis recolhem cerca de 2 toneladas de resíduos sólidos da Feira do Boiadeiro.
Com o crescimento do morro, a companhia de limpeza instalou uma gerência somente para atender a Rocinha. Atualmente, 90 garis, em três turnos.110 toneladas de resíduos são removidos todos os dias na Rocinha. “Infelizmente, os moradores continuam jogando lixo nas valas ao invés de entregar para a coleta ou colocar nos conteineres”, lamentam os garis que fazem a limpeza de uma das lixeiras localizada na Estrada da Gávea, próximo ao Escadão da Vila Verde.
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