Menina de 4 anos não morreu por maus-tratos na Rocinha, diz Conselho Tutelar; caso revela extrema pobreza
A menina Larissa Rodrigues da Silva, de 4 anos, não morreu por causa de maus-tratos após dar entrada na UPA da Rocinha, defende o Conselho Tutelar. A mãe Vanessa Rodrigues da Silva, de 32 anos, foi presa em flagrante no mesmo dia por policiais civis que foram acionados por profissionais da UPA e encaminhada para a 11°DP (Rocinha).
Segundo agentes comunitários de saúde que atuam na localidade onde a criança morava, a mãe não maltratava a menina, entretanto, ela não tinha capacidade de cuidar por apresentar deficiência mental.
Vanessa Silva tem mais 3 filhos. Sem renda, a família sobrevive com doações de cestas básicas, fraldas e botijão de gás e moram em um cômodo de aproximadamente 4 metros quadrados cedido por uma igreja no morro.
Segundo o boletim médico, Larissa, que tinha microcefalia e dermatite atópica, estava com marcas e manchas roxas no corpo, desidratada e desnutrida.
Dados do SISREG mostram que a mãe solicitou uma ultrassonografia em maio, mas só conseguiu vaga para o dia 8 de julho, às 7h da manhã. A criança faleceu às 4h24 da madrugada do dia em que devia ter ido fazer a ultrassonografia.
A conselheira tutelar Heloísa Helena Moraes questionou as versões publicadas por veículos de imprensa sem antes apurar o contexto social da família.
“O que ficou claro é que com os documentos que levantamos com a clínica da família e o relatório do conselho tutelar não apurou negligência e maus-tratos. O que vimos evidente na família é a questão da pobreza. É uma família muito vulnerável. É uma mãe que estava fazendo acompanhamento da filha na clínica da família, ela tinha microcefalia. Ela tinha ontem uma consulta agendada no Hospital Jesus, infelizmente não chegou a tempo. A gente levou tudo isso em consideração. Além da menina que perdeu, ela tem mais 3 filhos para criar. É uma pessoa que precisa de ajuda do Estado e as instituições precisam se aproximar para ajudar e não bater.”
Representantes do Centro de Referência de Assistência Social, Conselho Tutelar e Secretaria Municipal de Assistência Social estão reunidos desde a manhã desta sexta-feira (9/7) discutindo o caso e costurando as possibilidades de assistir a família.
Vanessa Rodrigues da Silva continua detida na delegacia da Rocinha e será encaminhada para a audiência de custódia nesta sexta-feira (9/7). Segundo apurado pelo Fala Roça, a mãe da menina receberá a liberdade provisória.
“O laudo médico e o fato das crianças não terem nem passagem pelo conselho tutelar vieram a ser favoráveis a liberação dela.”, afirmou a conselheira Heloísa Helena Moraes.
Mais de 14,5 milhões de famílias registradas no CadÚnico (Cadastro Único do governo federal) vivem em extrema pobreza no Brasil. Antes da pandemia, em fevereiro de 2020, havia 1 milhão a menos: 13,4 milhões.
Segundo o Governo Federal, é considerada família vivendo em extrema pobreza aquela com renda per capita de até R$ 89 mensais. Em consulta pública ao Sistema de Benefícios ao Cidadão (SIBEC), mostra que a família de Larissa Rodrigues da Silva não recebe o auxílio do Bolsa Família por ter o cadastro bloqueado.