Inauguração da passarela próximo a Via Apia em 1978. (Foto: Fábio Costa Silva)
Inauguração da passarela próximo a Via Apia em 1978. (Foto: Fábio Costa Silva)

Se você viveu nas décadas de 60 e 70 na Rocinha, provavelmente deve se lembrar dos movimentos comunitários. A fundação das associações de moradores, a luta contra as remoções, a construção da passarela, a luta pelo saneamento básico, entre outros, foram reivindicações de movimentos comunitários.

Se antes éramos trabalhadores militantes, articulados e engajados, hoje somos trabalhadores que até reclamam, mas que não se engajam em questões comunitárias.

As capas do jornal Tagarela estampavam, há 30 anos, os mesmos problemas que vivemos hoje: saneamento básico, invisibilidade política e o lixo sem destino pela favela.

No começo dos anos 80, ficamos especialistas em reclamar, porém sem fazer propostas. Depois de conquistas muitos importantes, a geração envelheceu? Isso é natural. O conhecimento acumulado não foi transmitido? Desmobilização ou cooptação das lideranças? Afinal, podemos afirmar que, a partir dos anos 80, os movimentos ficaram individualizados?

Há inúmeros fatores que podem explicar isso. Um deles é o avanço tecnológico que afastou as pessoas de suas responsabilidades sociais. Nas mídias digitais existem milhares de comentaristas, mas poucos deles são engajados nas ruas. De fato, a violência em geral também diminuiu a possibilidade de articulação comunitária.

Hoje em dia temos novos militantes que vem se destacando na Rocinha: Leandro Lima, Davison Coutinho, Leandro Urso e Michel Silva vão aos poucos substituindo Carlos Costa, Edu Casaes, Maria Helena e Martins. Se faz necessário mais pessoas engajadas, que pensem no coletivo e se preocupem com a qualidade de vida do lugar onde vivem.

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O Museu Sankofa Memória e História da Rocinha não possui espaço físico, mas tem como principal prática, promover a interação dos moradores a partir de suas histórias e afinidades. Visando o conhecimento do passado e cultura da Rocinha, sempre através do olhar de quem conhece a comunidade. O trabalho está diretamente ligado a autoestima dos moradores, possibilitando a mudança de postura e fortalecimento de suas raízes culturais e afetivas.

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