
O poder da cultura comunitária
É muito importante, entender o impacto socioeconômico que a cultura da favela causa. Mas, principalmente, compreender o poder da cultura comunitária da favela. Como versa Arlindo Cruz, poeta e sambista carioca que fez sua passagem em agosto, a favela é o lugar onde “o povo que sobe a ladeira, ajuda a fazer mutirão, divide a sobra da feira, e reparte o pão”.
Aqui, a gente “bater laje”, asfalta vielas, constrói escadas, cria canalização para levar água das minas do morro até a torneira das casas. Faz gambiarra para levar colchão e caixa d’água até o alto do morro, socorrer pessoas doentes que moram em becos estreitos, arrecada alimentos e cozinha a comida no nosso fogão para matar a fome do vizinho. Em tudo isso está o trabalho organizado e coletivo da cultura comunitária da favela.
E desse jeito… A favela faz nascer a própria favela. A partir do espírito comunitário, sentimento de pertencimento, apoio mútuo e luta, cria e semeia vida onde o Estado – com toda estrutura para fazer – só enxerga ausência.
É desse lugar de amor e compromisso de moradores para moradores que a favela se reconhece em gestos, resolvendo o problema da limpeza urbana e reduzindo os efeitos da falta de saneamento básico.
O tamanho desse compromisso de moradores para moradores é o nosso destaque de capa, porque acreditamos que cabe a nós, não deixar essa memória e dedicação de uma vida ser varrida. E porque a pergunta da criança: “onde está meu amigo?”, feita para avó após o fim do programa do Gari Comunitário, em parte, é de toda a favela. É a nossa cultura comunitária de questionar e transformar incômodo em “fala” para ampliar vozes! E nossa homenagem aos nossos “guardiões” de décadas. Muito obrigada por tudo!
Boa Leitura!
