Sem vida. Na praça da UPA, na Vila Verde, a falta de brinquedos e corrimãos enferrujados prejudicam o lazer dos moradores. Foto: Michel Silva
Sem vida. Na praça da UPA, na Vila Verde, a falta de brinquedos e corrimãos enferrujados prejudicam o lazer dos moradores. Foto: Michel Silva

João Pedro, 10 anos, brinca de escorregar no corrimão azul de uma escadaria na Praça da UPA, na Curva do “S”. Os responsáveis pela criança não estão por perto. O risco de acontecer um acidente é alto. “Aqui tinha uma gangorra, vários brinquedos e tiraram”, João Pedro fala rápido enquanto desce novamente o corrimão. A falta de brinquedos é visível em vários pontos no morro. O Fala Roça percorreu 7 praças na Rocinha e constatou que todos os locais estão em péssimo estado. A falta de cuidado dos moradores e a ausência total de manutenção contribuem para a deterioração dos espaços públicos.

A Macega, uma das localidades mais pobres na parte alta da Rocinha, convive há décadas com o abandono do poder público. O único espaço de lazer dos moradores é uma quadra, na encosta do Morro Dois Irmãos. Sem grades de proteção, o pequeno espaço de terra batida não tem nenhum brinquedo.

Do outro lado do morro, a pracinha do Cachopão também não tem nenhum brinquedo. Eliezer Oliveira, de 54 anos, mantém um projeto social há 23 anos na localidade. Para driblar a falta de opções de lazer, ele mesmo coloca pula-pula, piscina, rodas de capoeira. Tio Li, como é conhecido, está sempre agitando da maneira que pode. “A gente sabe que dentro da favela precisamos do apoio do próprio morador para que possamos valorizar o que a gente consegue para as crianças. As vezes a prefeitura vem e coloca um brinquedo, mas aí a criança não valoriza o que se ganha”, lamenta Eliezer Oliveira. “Temos áreas precárias na Rocinha, como o Terreirão da Rua 1. Tem crianças que não sabem o que é um escorrega, um balanço. Não sabem sequer o que é um brinquedo de praça para poder se divertir no fim de semana”, complementa Li.

As 7 praças com problemas de conservação

As 7 praças com problemas de conservação
Sem vida. Na praça da UPA, na Vila Verde, a falta de brinquedos e corrimãos enferrujados prejudicam o lazer dos moradores

Em 2010, o governo federal construiu um conjunto habitacional, na antiga garagem de ônibus, na Fundação, através Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Além dos apartamentos, a localidade ganhou uma área de lazer — Praça do PAC — com vários brinquedos, jardim e lixeiras. 8 anos depois, só restou um brinquedo. O jardim virou um pedaço de terra batida.

Jenifer Dias, de 20 anos, mora em um dos blocos do conjunto desde a inauguração. Mãe de um menino de 5 anos, ela lembra que havia vários brinquedos. “Aqui era o point dos moradores. Vinha gente da Rua 2, Rua 3, Dioneia, Cachopa. Tinha espaço pra todo mundo brincar. Depois os brinquedos começaram a quebrar e nunca teve manutenção disso”, conta Jenifer.

Prefeitura promete ações

O Fala Roça procurou a Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente (Seconserma) em busca de informações sobre reformas das praças citadas na matéria. O órgão informou que as praças são de responsabilidade da Fundação Parques e Jardins (FPJ). Por sua vez, a FPJ desmentiu a Seconserma dizendo que a manutenção de praças é atribuição da Comlurb.

Detalhamos os problemas de duas praças — da UPA e do PAC — por serem as mais movimentadas. A Comlurb disse em nota que “a varrição e a coleta de resíduos são diárias na comunidade, e o corte de grama ocorre a cada 15 dias”.

A Seconserma enviará uma equipe para vistoriar os locais citados e prometeu fazer um “levantamento das necessidades de manutenção e consertos no que couber à Secretaria”. A Fundação Parques e Jardins avisou que “será realizada vistoria técnica nos locais indicados para verificação de possibilidade de (re)plantio de mudas.”

Já a Superintendência da Zona Sul irá programar uma vistoria aos locais mencionados, a fim de verificar as reclamações dos moradores.

Cariocas podem adotar áreas verdes

O Rio de Janeiro possui um número aproximado de 3000 áreas verdes que podem ser adotadas, entre parques naturais, parques urbanos, praças, canteiros e outros tipos de terreno. O programa de adoção de áreas verdes na cidade existe desde 1986. A regulamentação da adoção é feita pela Fundação Parques e Jardins (FPJ). Além de empresas, condomínios e associação de moradores, qualquer pessoa que tenha relação afetiva e até de pertencimento à área pode adotar um espaço. Essa medida pode ser viável para moradores que querem cuidar dos espaços de lazer no morro, confirmando a tradição e necessidade de encontrar alternativas para resolver questões que, originalmente, são de responsabilidade do poder público.

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