Secretário Nacional das Periferias visita Rocinha e ouve antigas reivindicações
O secretário nacional de Políticas para Territórios Periféricos, Guilherme Simões, visitou a Rocinha no sábado (1) para escutar demandas e mapear iniciativas. O encontro aconteceu na sede do Espaço Comunal Elizia Pirozzi, na parte alta da Rocinha. O secretário também visitou a sede da Associação de Moradores da Rocinha onde recebeu documentos de obras paralisadas de gestões anteriores dos governos federal e estadual.
A agenda faz parte da “Caravana das Periferias”, iniciativa criada no Ministério das Cidades, para mapear as características e necessidades das periferias brasileiras. A agenda foi organizada pela Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro (Faferj).
“Eu estou aqui hoje muito feliz de estar aqui, muito emocionado, vim à Rocinha há alguns anos atrás, algo ainda novo para mim, conhecer o território, entender essa organização coletiva. Essa caravana que a gente está fazendo é um processo de escuta, de tentar, sistematizar o que tem de demanda nas comunidades, para a gente elaborar um programa a mais dentro desse plano de investimento que vão abrir no Governo Federal”, disse Guilherme Simões.
Formado em Ciências Sociais, Guilherme Simões assumiu em janeiro o comando da recém-criada Secretaria Nacional de Políticas para Territórios Periféricos, uma das cinco secretarias que compõem o Ministério das Cidades. A pasta, criada originalmente em 2003, no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, havia sido extinta pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
No encontro, o morador e um dos coordenadores do grupo Rocinha Sem Fronteiras, Roberto Lucena, entregou uma carta de compromisso e reivindicações ao secretário. A mesma carta foi entregue em 2022 ao presidente Lula durante sua campanha no Rio de Janeiro. No texto, moradores pediram obras de saneamento básico e investimentos nas áreas de saúde, educação e lazer.
Simões lembrou sobre as recentes chuvas que atingiram favelas do Recife, em Pernambuco afirmando não querer fazer apenas obras de encostas: “Nós não queremos fazer obra de encosta pensando na encosta, mas queremos fazer obra de encosta pensando em salvar a vida, pensando no nosso povo e não queremos fazer obra de urbanização para alguém colocar uma faixa lá e dizer que fez uma obra. Nós queremos fazer obras de urbanização, porque a gente sabe que salva vidas, porque diminui doenças, melhora a qualidade de vida das pessoas”.
Segundo uma estimativa do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento de Alertas de Desastres Naturais), vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, cerca de 9,5 milhões de brasileiros moram em áreas de risco sujeitas a deslizamentos, enchentes e outros desastres.
A coleta de informações servirá de base para criação de propostas para o Novo Plano de Investimento para as favelas e periferias do Brasil.
“A gente lá na secretaria do Ministério das Cidades tem uma expectativa grande para que a gente lance agora, no final do mês de abril, um novo plano de investimentos do Governo Federal, chamado de PAC no passado. Agora vai ter outro nome que está em elaboração […] e colocar o orçamento público para melhorar a vida das pessoas, levar dignidade para as famílias das comunidades que mais precisam. Então, esse plano está sendo programado, está sendo desenhado no governo. A gente ainda não tem os detalhes, por exemplo, orçamento que é o que importa”, explicou o secretário.
O secretário recolheu diversos documentos e depoimentos do encontro para uma construção coletiva de um documento nacional que será entregue ao presidente Lula, além disso, propôs um ato público com todas as favelas para reivindicação de direitos e melhorias.
Diretores da Associação de Moradores da Rocinha entregaram uma cópia do plano de obras do programa Comunidade Cidade, lançado em 2020, pelo então governador do Rio Wilson Witzel. No mesmo ano, o governo cancelou os investimentos de aproximadamente R$ 2 bilhões até 2025. A associação de moradores espera que as demandas sejam atendidas por Lula devido ao sucesso do PAC 1 e as obras não concluídas no PAC 2.