Cearense cria grupo de valsa na Rocinha
Nessa coluna fizemos uma entrevista com um convidado bem conhecido na Rocinha, aqui vocês conhecerão um pouco mais sobre Jorge Luiz Isais. Ele veio à Rocinha para conhecer seus pais e seus irmãos e acabou ficando entre nós. Essa é a fofoca do bem, que só enriquece a nossa cultura.
Qual sua origem?
Nasci no dia 30 de outubro de 1975, na cidade de São Benedito (CE).
Com quem morava?
Fui criado pelos meus avôs desde os meus três meses de vida. Meus pais me deixaram com eles, pois tinham que trabalhar e não possuíam condições de me levar com eles. Meus avós sempre me criaram com muito amor e carinho.
Como foi vir do Ceará para o Rio de Janeiro? Conte-me um pouco sobre sua história.
Quando tinha oito anos, meus pais foram me buscar, porque eu sempre quis conhecer meus irmãos, eu só os conhecia por fotos. Meus avôs no começo não queria que eu fosse embora, mas eu insisti. A minha avó sempre dizia: “Meu filho, quando você souber escrever faça uma carta e leia para mim”. Foi aqui que conheci a educação, aprendi a ler e escrever. Hoje, tenho dois filhos. Os deles são Leandro e Leonardo, eles significam tudo na minha vida.
Com que o senhor trabalha atualmente?
Como eu comecei a minha vida toda aqui, foi exatamente aqui na Rocinha que eu conheci a arte da dança. Com ela descobri uma forma de expressar meus sentimentos e o autoconhecimento. Gostei tanto da dança que resolvi fundar o meu grupo no dia 5 de março de 1994, ele se chamava Grupo de Valsa Sonho de Uma Noite. Com o passar do tempo, o grupo disparou! Recebemos o convite para diversos eventos e festas, além de eventos culturais dentro e fora da Rocinha, como também fora do Rio de Janeiro.
O que você viu mudar na comunidade?
Muita coisa mudou! Hoje em dia a Rocinha é vista com outros olhos, algumas coisas boas aconteceram, mas eu acho que ainda pode melhorar. A população do Nordeste passou a migrar mais por conta das coisas boas que tem aqui, como: emprego, cursos, cultura, dança, projetos, etc. Enfim, Rocinha agora é uma cidade.
O senhor pretende voltar para o Ceará?
Penso em voltar somente para passear, pois meus avós já faleceram e hoje sou muito acostumado a viver aqui, com a minha família e amigos.