Tainara Lima: “Apesar das dificuldades, as favelas resistem e se reinventam todos os dias”
Celebra-se hoje, dia 15 de Maio, o dia do Assistente Social. Essa profissão existe há mais de 80 anos no Brasil e passou por muitas mudanças ao longo do tempo. Essas transformações aconteceram em sintonia com as mudanças da nossa sociedade.
Lá nos anos 30, o serviço social tinha influência da Igreja Católica e era baseado na caridade e na ajuda ao próximo. Quem nunca ouviu dizer: “Assistente Social é aquela moça boazinha que ajuda os necessitados”? Essa imagem da moça boazinha ficou marcada na história dessa profissão no Brasil.
Mas nos anos 80, o serviço social deu uma guinada. Foi uma mudança importante, uma ruptura com as ideias conservadoras. Foi quando surgiu o projeto ético-político profissional, alinhado com os interesses da classe trabalhadora.
Em 1993, a profissão do Assistente Social foi regulamentada, o que reforçou ainda mais esse projeto ético-político profissional. O código de ética orienta os assistentes sociais em sua atuação, garantindo os direitos das pessoas que eles atendem.
Olha só alguns dos princípios mais importantes: reconhecimento da liberdade como valor central e luta pelos direitos humanos; recusa ao autoritarismo e defesa intransigente dos direitos civis, sociais e políticos das classes trabalhadoras. É isso que guia o trabalho dos assistentes sociais.
Por isso, o serviço social busca garantir o acesso às políticas públicas, especialmente em lugares que são marginalizados pelo Estado, como as favelas e periferias do Brasil. Esses territórios deveriam receber atenção do governo para garantir os direitos da população.
As lutas por direitos nas favelas não são novas. Há décadas, os moradores, líderes comunitários e organizações da sociedade civil buscam melhorias, porque sempre conviveram com o abandono e a violência armada, que prejudicam a qualidade de vida.
Apesar das dificuldades, as favelas resistem e se reinventam todos os dias. No lugar das mazelas, esses espaços buscam produzir cultura e investir na educação dos moradores por meio de projetos e organizações diferentes. Essas organizações são fundamentais na vida dos moradores, e é nelas que os Assistentes Sociais desenvolvem seu trabalho.
Um exemplo importante do trabalho do assistente social é o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) na Rocinha. O CAPS é uma unidade de saúde mental que oferece atendimento e acompanhamento para pessoas com transtornos mentais na comunidade.
O assistente social desempenha um papel fundamental nesse contexto, atuando na escuta e acolhimento dos usuários, além de realizar avaliações sociais e acompanhamento psicossocial. Eles trabalham em conjunto com a equipe multidisciplinar do CAPS, incluindo psicólogos, médicos e terapeutas ocupacionais, para oferecer um atendimento integral e de qualidade.
Na Rocinha, um local que enfrenta diversos desafios sociais, o assistente social contribui para promover a inclusão social e garantir o acesso aos direitos das pessoas com transtornos mentais. Eles auxiliam os usuários na busca por benefícios sociais, orientam sobre programas de assistência e encaminham para outros serviços e recursos disponíveis na comunidade.
Os assistentes sociais que atuam em ONGs nas favelas também desempenham um papel de extrema importância. Esses profissionais atuam diretamente junto à população, desenvolvendo projetos e ações que visam promover o empoderamento, a autonomia e a cidadania dos moradores, buscando fortalecer a participação social e garantir o acesso aos direitos fundamentais.
Aqui na Rocinha, podemos ver esses profissionais atuando em projetos de reforço escolar, cursos profissionalizantes e atividades culturais. O Mapa Cultural da Rocinha tem mais de 150 projetos socioculturais identificados na Rocinha.
São eles também que orientam e encaminham os moradores para serviços de saúde, assistência jurídica e outras áreas de necessidade. Eles auxiliam na articulação de redes de apoio e na mediação de conflitos, buscando promover o bem-estar e a resolução de problemas comunitários.
Por isso, é super importante valorizar o trabalho dos assistentes sociais nas organizações, pois eles são fundamentais para enfrentar as desigualdades sociais. Precisamos criar espaços onde o trabalho deles seja reconhecido e valorizado, deixando para trás a ideia da “moça boazinha”. Vamos destacar a verdadeira transformação que essa profissão pode trazer. Juntos, podemos construir uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos tenham seus direitos garantidos. O trabalho dos assistentes sociais é essencial nessa jornada.
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