Há 16 anos agente ambiental luta por preservação da natureza na Rocinha
Reduzir o impacto na natureza e o desenvolvimento social por meio da educação ambiental é o que Leandro Cristiano dos Santos, 35 anos, conhecido como Urso Santos busca fazer há mais de 16 anos na Rocinha e seu entorno. Figura carimbada pelas ruas e eventos do morro, o agente ambiental é cria do Parque da Cidade, favela vizinha da Rocinha, na Gávea.
O trabalho de Leandro Santos é referência para muitos profissionais da área ambiental. Ele é um dos responsáveis na continuidade do reflorestamento do Morro Dois Irmãos iniciado na década de 1980. Antes de se tornar educador ambiental, ele participou de aulas de teatro e contação de histórias, sendo bastante útil para repassar o conhecimento de forma didática para crianças e jovens nas favelas.
Os moradores da Rocinha lutam há mais de 50 anos por saneamento básico. Mutirões de limpeza e o reflorestamento nos anos 80 e 90 exemplificam a resistência na preservação da natureza.
Leandro, que atua diretamente com jovens e crianças, ministra palestras e aulas por todo país e se sente motivado. “Eu levo algumas turmas de escolas que trabalho para dar aulas no interior do parque, mostrar e ensinar na prática tudo que podemos fazer e o que já foi feito também, não adianta fazer só no dia da árvore ou do meio ambiente, é um trabalho pra ser feito o ano todo.”.
Racismo no caminho
Nas horas vagas, Leandro Santos é motorista de aplicativo. Negro, uma postagem feito por ele no Natal repercutiu nas redes sociais ao narrar um episódio de racismo que sofreu de uma idosa branca, no Leblon. “No Alto Leblon, n°600, dona Ana o nome dela. Nome da minha mãe. Século 21 e ainda tenho que passar por isso.”, desabafou após a idosa ter se recusado a ser transportada por ele.
O racismo não ofusca o talento de Urso, como prefere ser chamado. Além dos trabalhos com a natureza, de manhã ele atua como vice-presidente da Associação de Moradores do Parque da Cidade; à tarde ele vira agente ambiental e trabalha a noite nos aplicativos de transporte. “Sem falar nos eventos que posso produzir aos finais de semana”. Após a publicação do vídeo denunciando o caso de racismo, o agente ambiental recebeu milhares de mensagens de apoio e carinho.
Impacto local
Seu mais recente projeto ”Lixo Zero” já vem ganhando bastantes elogios, em particular da Companhia Municipal de Limpeza Urbana – COMLURB, que procurou o agente para saber o que estava acontecendo na favela Parque da Cidade.
As lixeiras estavam ficando cada vez mais vazias e ele logo respondeu: “Expliquei que havia implementado junto com amigas o projeto Lixo Zero, onde eu posso ensinar e acompanhar as pessoas que precisam entender como descartar o lixo de forma correta, fazer coleta seletiva, separar o que pode ser reciclável e ganhar um bom dinheiro com aquilo”, explica.
Dessa forma, ele vem diminuindo as taxas de poluição, descarte irregular e melhorando o ambiente do lugar onde mora. “Procuro fazer um trabalho de consciência ambiental com todo mundo, olho para o Dois Irmãos e digo (em tom de brincadeira) que não podem construir casas ali e nem retirar as árvores que estão lá porque podem ter deslizamentos no futuro, não só de terras como de pedras também, as árvores, plantas e folhagens estão ali porque fazem sentido.”.
*Foto de capa por Flávio Carvalho
[…] Pensar justiça climática e racismo ambiental nesses territórios são desafiadores dado que outras emergências como a fome, acesso a moradia e empregabilidade são temas mais urgentes, entretanto, conectado com os assuntos discutidos no evento. […]
[…] comunitário, participar de atividades e assistir painéis sobre sustentabilidade da mídia, geração de dados, representatividade no território entre outros assuntos. As escolhas dos temas são resultados de […]