Estudantes do Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (NEJA) do CIEP 303 Ayrton Senna da Silva, no acesso a Rocinha, denunciaram ao Fala Roça a falta de professores na unidade escolar. De acordo com os alunos, eles estão sem professores de Português, Ciências, Sociologia há semanas.

Segundo os estudantes, a falta de professores prejudica o ensino. Os alunos do primeiro ano do NEJA mostraram que na grade escolar consta apenas as aulas de matemática, geografia, inglês, história, filosofia e educação física.

“Trabalho como diarista, chego cansada para ficar esperando se vai ter ou não aula. Quando tem é uma aula e olha lá, uma falta de respeito com os alunos, porque a maioria sai do trabalho para escola e chega lá não tem professores mesmo quem não trabalha tem algo para fazer, um filho para cuidar que deixa com alguém para tentar terminar os estudos, fiquei muitos anos sem estudar fico pensando se continuo ou não.”, desabafa uma aluna que não quis se identificar.

As aulas de educação física também não estão sendo realizadas devido às condições estruturais inadequadas do espaço. Uma vistoria técnica realizada em setembro de 2021 pela própria secretaria de educação apontou diversos problemas nas instalações elétricas do colégio. O laudo – obtido pelo Fala Roça – confirma a vistoria inicial feita em julho de 2021 pelo deputado estadual Flavio Serafini. 

É difícil até para chegar no colégio porque a máquina de recarga dos cartões RioCard que são utilizados pelos alunos nos transportes públicos está inutilizada.

“A máquina de cartão está lá parada, eu moro afastado da escola e tenho que tirar a passagem do meu bolso. E a recarga tem que ser feita todo dia.”, diz um estudante. 

A fama de abandono do CIEP é antiga. “Quando falo para algumas pessoas que estudo no Ayrton Senna o povo rir, dá até uma vergonha às vezes. Até minha mãe quando soube que passei pra lá me desejou boa sorte.”, comentou outra aluna.

Sem aulas, os responsáveis dos estudantes já procuraram os colégios estaduais André Maurois e Professor Antônio Maria Teixeira Filho, ambos no Leblon, para tentar transferência, mas as escolas não conseguem suportar a demanda procurada e, por isso, não há vagas.  

“Eu já pensei várias vezes em mudar de escola. Já procurei a direção e alguns funcionários para tentar entender o que acontece na escola, mas não temos apoio, sequer somos escutados. Estou no primeiro ano, já me sinto prejudicada, imagine quem tá no terceiro ano quase fazendo ENEM?”, questiona uma aluna.

Procurada desde março, a Secretaria Estadual de Educação não respondeu os questionamentos da reportagem.

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