Sai a Cedae, entra a Águas do Rio: o que mudará na Rocinha

A concessionária Águas do Rio, será responsável pela distribuição da água e o serviço de coleta e tratamento de esgoto.
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O leilão da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto do Rio de Janeiro), concedeu à iniciativa privada a prestação do serviço de água e esgoto em regiões do estado. Na Rocinha, a concessionária Águas do Rio, uma empresa da Aegea Saneamento, será responsável pela distribuição da água e o serviço de coleta e tratamento de esgoto, atendendo a uma população de 150 mil pessoas, segundo a associação de moradores. 

Na terça-feira (19/10), a equipe de Responsabilidade Social da Águas do Rio realizou uma reunião na associação de moradores da Rocinha. O encontro teve o objetivo de captar pessoas com perfil de governança para integrar o Programa Afluentes, que após lançado, será um canal aberto de comunicação entre a favela e a empresa. 

Na ocasião, foi explicado algumas das ações acordadas no plano de concessão e os projetos sociais que vão caminhar em conjunto com as benfeitorias para garantir abastecimento de água e coleta de esgoto na Rocinha. A equipe também ouviu o relato dos moradores sobre os principais problemas enfrentados na região como falta de água, captação de esgoto, coleta de lixo, carência de acessibilidade, urbanização entre outros.   

Segundo o presidente da União Pró-Melhoramento dos Moradores da Rocinha, Wallace Pereira, o abastecimento irregular de água é recorrente e aflige os moradores com gravidade, onde alguns dos 32 sub-bairros chegam a ficar semanas sem água. 

“Como desdobramento dessa situação, alguns moradores retiram a boia da caixa d’água para aumentar o volume de água, o que colabora com o desperdício. Em contrapartida, há domicílios que não possuem caixa d’água, o que impossibilita o armazenamento de água nos momentos de escassez”, disse Wallace.   

Tempos da Cedae

As lideranças comunitárias avaliaram o abastecimento de água ofertado pela Cedae como péssimo e disseram que a manutenção e o conserto de vazamentos levam até 30 dias para acontecer. Durante a pandemia de covid-19 a situação piorou bastante. Devido ao acesso inconsistente à água, muitos não puderam seguir as recomendações dos órgãos sanitários, como por exemplo, higienizar as mãos como determinado. 

Já em relação ao esgotamento sanitário, a situação mais crítica apontada foi da Rua Zé do Foguete, situado na parte baixa do morro ao lado de toda a extensão do valão. Muitas vielas próximas a este ponto apresentam esgoto a céu aberto. Moradores de diferentes localidades relataram ao Fala Roça sobre como fazem para pegar água em dias de seca nas torneiras.

“Antigamente era na bica da Mangueira, na Cachopa, atualmente é no cano no final do Laboriaux”, diz João Vitor. A moradora Leticia Salles vive sem opção: “Na Rua 4 não tem onde pegar água, o jeito é comprar para pelo menos fazer o básico”.

Ainda não há detalhes sobre os investimentos que a empresa fará na Rocinha. As lideranças que farão parte do programa Afluentes não vão receber nada para participar.

Ficou no papel

Não é raro ver moradores da Rocinha sofrendo com a falta de água por mais de 15 dias. A universalização da água no morro ficou na promessa com o fim do programa Comunidade Cidade, do governo do estado, em 2020.

No programa Comunidade Cidade, seriam construídos 4 reservatórios com capacidade de 4,8 milhões litros de água para completar a operação dos outros 3 reservatórios que já existem. Os novos reservatórios seriam construídos na Roupa Suja, Dionéia, Laboriaux e Terreirão da Rua 1. Para que todos os moradores da Rocinha possam receber água diariamente são necessários pelo menos 7 milhões de litros de água.

Atualmente, a Águas do Rio está trabalhando em operação assistida, ou seja, acompanhando o dia a dia da Cedae para poderem assumir os serviços no dia 1 de novembro. “Após o fim da operação assistida, assumiremos os serviços de água e esgoto em nossa área de concessão, sendo que para a Região Metropolitana do Rio a Cedae continuará responsável pela captação e pelo tratamento da água que iremos fornecer”, diz um comunicado.

Procurada, a Cedae não respondeu até o momento sobre o que será feito com o espaço físico do Núcleo da Cedae, na Rua 1, parte alta da Rocinha. Também não há informações sobre demissão, realocação ou aproveitamento dos funcionários na nova empresa. O espaço segue aberto para atualizações.


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