A sirene da Defesa Civil tocou apenas uma vez este ano durante uma forte chuva que atingiu a Rocinha no dia 2 de janeiro. Nos últimos dias, as fortes chuvas junto com ventanias que não fizeram as sirenes serem acionadas, deixaram os moradores assustados.

Segundo a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), a sirene é acionada quando atinge um nível de chuva considerado crítico: 40 milímetros em uma hora. “As sirenes também foram acionadas [na Rocinha] no dia 12 de novembro, durante um exercício de simulado de desocupação feito pela Defesa Civil para orientar a população sobre os procedimentos necessários para o caso de chuvas fortes.”, explica a Seop.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirmou em uma agenda nesta terça-feira (28), que a cidade não está preparada para enfrentar chuvas como as que atingiram diversas cidades da Bahia nos últimos dias. Um possível temporal com as mesmas proporções “certamente causaria enormes problemas para a cidade”. 

“Ninguém está preparado para chuva como aquela. Nenhuma cidade, em nenhum lugar do mundo. Muito menos a cidade do Rio de Janeiro, com suas características geográficas, de morros e montanhas, a proximidade com mar, quantidade de corpos hídricos existentes”, disse o prefeito.

4 dias antes do Natal, na madrugada de quinta-feira (21/12), um deslizamento de terra assustou moradores na Rua 2, parte alta da Rocinha. Não houve feridos e desabamentos, de acordo com apuração do Fala Roça.

Obras para conter deslizamentos

Três obras de contenção de encostas e drenagem superficial iniciaram há pouco mais de 1 mês nas localidades 199, Rua Dioneia e Vila Cruzado e Laboriaux (vertente Gávea). As construções possuem prazo estimado de execução de 6 meses. A área do Laboriaux (vertente Portão Vermelho) está em fase final de trâmites licitatórios e a previsão de prazo de execução da obra é de 360 dias. 

Segundo a Geo-Rio, outras 3 intervenções na Rocinha estãos sendo programadas, como as obras de reforço estrutural na lateral do campo de futebol da Vila Verde; contenção de encostas na Rua Maria do Carmo e obras de recuperação, reconstrução e desobstrução da drenagem existente no paredão rochoso acima da localidade Roupa Suja.

CPI das enchentes

No dia 8 de dezembro, moradores da Rocinha e outras favelas da cidade participaram de uma audiência pública na Câmara Municipal do Rio para discutir a evolução das ações da prefeitura para minimizar os efeitos das fortes chuvas. O morador e articulador local do coletivo Rocinha Sem Fronteiras, Roberto Lucena, afirmou que os os projetos que chegam na favela não passam pelo debate local. 

“A prioridade da Rocinha é o saneamento básico. É uma obra do subsolo que não dá voto, por isso, não é feita na favela. A obra de saneamento básico cria uma expectativa e aumenta a qualidade de vida dos moradores. Qualquer chuva na Rocinha causa alagamento porque sua rede de esgoto é muito antiga, do início do século 20. De quando tinha 20 mil habitantes, hoje somos mais de 100 mil.”, diz Roberto Lucena.

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