O ensino infantil é uma etapa importante da educação básica e faz parte de um processo para que crianças aprendam a se relacionar, viver em sociedade, desenvolver capacidades cognitivas, motoras e são fundamentais para a formação. Com foco nas crianças com deficiência, o trabalho da estudante de pedagogia Simone Menezes, 38 anos, tem ganhado destaque na Rocinha.

O Centro de Reforço Escolar e Alfabetização com Inclusão (CREAI) é um projeto particular, entretanto, também com aberto ao social. O CREAI atende cerca de 40 crianças a partir de 3 anos com deficiência em uma sala alugada no Boiadeiro, parte baixa do morro. Simone Menezes conta que não é fácil manter a instituição. “Hoje estou em um espaço alugado, não é fácil manter tudo, muita gente já me desmotivou. Até de louca já fui chamada.”, lembra. 

Escolas, famílias e a sociedade no geral têm, cada vez mais, lutado contra os retrocessos no que diz respeito à educação inclusiva. Quando uma criança chega a uma instituição de educação infantil e amplia seu convívio social, geralmente o professor é o primeiro a identificar eventuais questões, como algum atraso no desenvolvimento da forma como a criança interage, se movimenta e se relaciona com o mundo a sua volta. 

Simone Menezes pedagoga e fundadora do CREAI demonstra orgulho em educar crianças. Foto: Osvaldo Lopes
A estudante de pedagogia Simone Menezes conta com orgulho sobre o CREAI e a paixão por crianças. Foto: Osvaldo Lopes

Simone Menezes desenvolveu um método que conseguiu alfabetizar crianças que os próprios pensavam que não teria jeito. “Uso muito material reciclável para estimular a criatividade, além disso, é uma forma de ajudar o meio ambiente e também traz um ensino mais humanizado” ressalta.

O projeto surgiu de uma necessidade própria, apesar de já ter experiência em outras creches, a fundadora sempre teve o sonho de ter seu próprio centro de educação e trabalhar o desenvolvimento de cada criança de forma individual. 

No Brasil, pelo menos 11,3 milhões de pessoas com mais de 15 anos não são alfabetizadas, de acordo com o censo do IBGE, divulgado em 2019. Este cenário inclui pessoas com deficiências que não recebiam apoio para os estudos, mas que terão a chance de vivenciar uma educação mais inclusiva.

No CREAI, Simone acredita que o profissional de educação precisa ter mais autonomia para trabalhar caso a caso, assim ele consegue desenvolver cada indivíduo da melhor maneira. O projeto que existe há 4 anos conta com aulas de capoeira, português, matemática, artes entre outras para crianças de espectro autista, com síndrome de down e outras deficiências motoras ou intelectual.

Manter a organização não tem sido fácil devido a dificuldade financeira dos pais. A mensalidade chega a custar menos da metade de um salário mínimo. Não há vagas para crianças com deficiência na rede pública de ensino na Rocinha.

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