Internet, fama e humor: Yago Mapoua fala sobre a carreira
Carioca, nascida e criada na Rocinha, Yago Mapoua, não planejava virar influencer digital, mas foi através da rede virtual que ganhou fama. Tudo começou quando, aos 27 anos, a humorista resolveu gravar vídeos interpretando Dona Hermínia, personagem icônica do ator Paulo Gustavo, e publicar na internet. Com peruca de bobes no cabelo e muito humor, ela conquistou uma legião de fãs e viralizou na rede.
O nome artístico surgiu em uma conversa com a mãe: Drika Mapoona, como é conhecida. Yago afirmou ser uma “amapoa”, gíria usada pela comunidade LGBTI+ que significa “mulher”. A influencer conta que a mãe era contrária ao uso do nome, mas que não pôde conter o sucesso da filha “Mapoua” usando essa identificação.
De 2018 pra cá, Drika não só se tornou fã do trabalho dela, ela também participa dos vídeos de humor, que são gravados sem nenhum roteiro. “Tudo é gravado sem planejamento. Quando vai ver, eu já saí na gravação xingando, brigando para lavar a louça”, conta Drika, mãe da influencer digital.
Yago Mapoua tem 860 mil seguidores no Instagram, plataforma mais usada por ela para produção de conteúdo, sendo uma das moradoras da Rocinha com mais seguidores. No entanto, não é apenas de redes sociais que ela vive. Em 2020, lançou o clipe da música “Sou mulher, mamãe”, em parceria com DJ Batata, empresário da artista e também da funkeira Jojo Todynho. Mapoua assinou contratos com a Universal Music para lançar novas músicas e seguir na carreira musical.
Hoje, por onde passa, a influencer chama atenção. Mas, nem sempre foi assim. Para ela, ainda falta um caminho a percorrer para ser reconhecida dentro da favela. “Eu sinto que sou abraçada como artista por boa parte da Rocinha, mas gostaria de ser mais. Porque sou a prova de que pode sim sair artista da favela e muitas outras coisas daqui de dentro”, afirma.
Girl from Rocinha
Se engana quem pensa que a influencer passa o dia todo gravando vídeos improvisados com a mãe ou recebendo presentes de marcas de roupas, maquiagens e sapatos. Mapoua usa a visibilidade nas redes para mostrar a realidade da Rocinha que, como em muitas favelas, tem problemas estruturais. “Eu já gravei vídeo mostrando um monte de fio embolado no poste e, no dia seguinte, a Light veio consertar e estava tudo arrumadinho”, conta.
“Sou a prova de que pode sair artista da favela e muitas outras coisas daqui de dentro“
Yago Mapoua
Segundo ela, boa parte de seu público na favela é infantil devido ao Tik Tok, uma das redes de vídeos mais populares na internet. Porém, “todo mundo assiste aos meus vídeos”, garante. Hoje, quase toda a renda de Mapoua vem do conteúdo que produz para a internet.
“Eu quero poder ajudar minha família, comprar uma casa para a minha mãe. Tenho fé em Deus e nos meus orixás que vou chegar lá”, comenta. Ao contrário de Drika que quer sair da Rocinha, Mapoua conta que deseja continuar morando na maior favela do Brasil. “Só saio daqui se eu for vaiada em um show”, brinca.
A fama na internet rende, além de visibilidade, vantagens como não pagar por comidinhas e sapatos. Com parcerias estabelecidas (termo usado por influenciadores digitais para trocar produtos por divulgação nas redes), a fama já permite que ela peça um lanche ou ganhe um sapato de parceiros comerciais e de divulgação. “Se eu quiser um açaí, vem de uma loja daqui da Rocinha”, comemora.
Questionada sobre estar preparada para chegar à marca de 1 milhão de seguidores no Instagram, sonho de qualquer influenciador digital, ela diz que quando acontecer vai fazer um evento na favela. “Vai ser um choque. Assim que possível, quando sairmos da pandemia, eu vou dar um baile para comemorar tanta gente me seguindo”, promete.
Outro desejo da artista é fazer um encontro de fãs. “Minha vontade é colocar todos os meus fãs no Maracanã e dar uma festa, porque sou muito grata a eles”. E, para o futuro: mais músicas e muito sucesso!