Vision: a tecnologia que impulsiona projetos sociais na Rocinha e Vidigal

Lançada em maio, Plataforma Vision apoia organizações sociais da Rocinha e do Vidigal para fortalecer e dar maior visibilidade às iniciativas
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Mas, o que é essa tal Plataforma Vision? Trata-se de um aplicativo gratuito criado pela ONG Favelainc, que pode ser acessado a partir do link fornecido para as organizações selecionadas. A ferramenta funciona como um site para gestão onde é possível digitalizar informações das ONGs, cadastrar beneficiários e os integrantes da organização social. 

No total, 20 organizações de favelas participam da iniciativa, sendo 12 projetos da Rocinha e outros oito do Vidigal. Todas passaram por um processo de seleção e trabalham com cultura, arte, culinária e esportes. O objetivo do aplicativo é capacitar as organizações, oferecendo um site que facilite o trabalho dos projetos sociais e os conecte a outras instituições parceiras.

Erik Martins, de 33 anos, morador da Rocinha e gerente de relacionamentos da Plataforma, explica que a ideia do aplicativo é: “tornar visível aquilo que é invisível, porque quem não o visto, não é lembrado”. O lema inspirou o nome da plataforma que se chama “vision”, que significa visão em português. 

O foco da plataforma é otimizar o trabalho dos projetos sociais que desenvolvem educação, sustentabilidade e cultura dentro da favela. Para isso, as organizações passam por um treinamento para aprender a utilizar a plataforma e também participam de reuniões com os integrantes do aplicativo.

Erik Martins, gerente de relacionamento da plataforma, percorre a Rocinha dando orientações de como utilizar a plataforma. Foto: Arquivo/FavelaINC.

Segundo Adam Newman, fundador da ONG Favela Inc, outras organizações da Rocinha podem ter acesso à plataforma ainda neste ano. Para isso, elas precisam passar por uma seleção. Sendo aprovada, a organização passa por uma capacitação. O serviço é totalmente gratuito com algumas das funcionalidades podendo ser acessadas até sem internet.

“Às organizações sociais é que de fato conhecem as pessoas que chegam em lugares, onde muitas vezes o próprio Estado não chega. Queremos ajudar [elas] a desenvolver e aprimorar ainda mais o ótimo trabalho que já fazem dentro dessas favelas”, explica Erik Martins.

Ele ressalta que os projetos sociais que fazem parte da plataforma Vision já eram atuantes na Rocinha e no Vidigal, mas não faziam uso da tecnologia digital como ferramenta de trabalho. Seja para registrar o que acontece nas ONGs, quem são os beneficiários ou como o projeto se desenvolvia nos territórios.  

O perfil dos projetos da Rocinha e do Vidigal que foram incluídos no aplicativo, mesmo com uma equipe de colaboradores pequena, na maioria voluntários, conseguem fornecer de forma solidária atividades para ambas as comunidades. São projetos que funcionam com poucos recursos financeiros, usando ainda relatórios de papéis devido à falta de adaptação dos participantes à cultura digital. Inclusive, muitas não tinham nem computadores e só utilizam o telefone como ferramenta digital.

Flavio Gomes, 48 anos, morador da Rocinha e idealizador do Horta na Favela, que existe desde 2017, foi uma das organizações selecionadas para ter acesso à plataforma Vision. Ele afirma que a experiência com a tecnologia do aplicativo foi muito positiva. “Montar equipe sem recursos é muito difícil. Estou indo visitar minha filha e lá aproveito para aprender a mexer no computador, tendo aulas com ela”. Ele recebeu doação de um computador da Vision e está em processo de aprendizagem. 

Valentina Silvestrin, 30 anos, gerente de projetos da Garagem das Letras, projeto cultural atuante há 11 anos na Rocinha, destaca o suporte que a plataforma deu à organização. “Acredito que em alguns meses [a gente] trabalhe de forma sistêmica na associação com dados dos beneficiários organizados. Isso pode ser uma boa solução para dar visibilidade a nossa associação e garantir um trabalho transparente”, opina. 

Organizações passam por capacitação

Por ser uma plataforma nova, a maior preocupação da equipe é capacitar os projetos sociais. A troca de aprendizagens é um dos pilares da Vision. Por isso, o aplicativo tem parceria com empresas privadas para conseguir facilitar o processo de treinamento de forma gratuita. 

“Conseguimos fechar uma parceria que oferece o curso de alfabetização em dados, análise de dados, gestão de dados para que de forma eficiente [as ONGs] possam gerar ainda mais impacto no processo de trabalho deles”, pondera o gerente Erik Martins, gerente de relacionamentos da Plataforma. 

Para ele, através da plataforma, empresas e pessoas que buscam projetos sociais específicos, podem se conectar de forma mais eficiente, o que pode gerar oportunidades para ambas as partes. “Recentemente, conseguimos uma oportunidade para algumas das ONGs que estão com a gente. Uma empresa nos procurou oferecendo um aplicativo de ensino da língua inglesa, onde as ONGs teriam acesso e poderiam oferecer para os integrantes deles”, exemplifica Martins.

A Plataforma Vision quer abrir vagas para o ingresso de novos projetos, capacitando mais organizações com atuação na Rocinha e no Vidigal. Também sonha em expandir o suporte para outras favelas. Empresas, com a intenção de ajudar a iniciativa, podem fazer o preenchimento de um formulário disponível no site deles.

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