Flora Cristina da Silva Santos é moradora da localidade da Dionéia, na parte alta da Rocinha e está completando 19 anos este mês. No dia 12 de julho, os termômetros cariocas registraram 11°C de temperatura na região da Vila Militar, na zona oeste do Rio. Além do frio, a fome pelas ruas da cidade despertou a atenção da jovem. Ela decidiu cancelar as comemorações de aniversário e concentrou esforços em arrecadar e distribuir comida e atenção à moradores de rua que vivem no entorno da Rocinha.

“Cancelei tudo somente para ajudar quem precisa. Minha família é muito simples mas isso não me impede de querer ajudar. Eu posso até estar precisando de algo mas tem pessoas que precisam muito mais que eu. Estou muito feliz por fazer tudo isso e de poder contar com a ajuda de outras pessoas. Serei eternamente grata”, conta Flora Cristina.

Cristina, como gosta de ser chamada, vem contando com a ajuda de alguns amigos desde quando começou essa mobilização, no início desse mês. Eles se reúnem para ofecerer comida e agasalhos que estão sendo arrecadados graças à um post no Facebook feito por Cristina, onde ela anunciou sua decisão e começou a pedir doações. Ela e alguns amigos chegaram a ir até o Leblon em um dos dias, mas depois decidiram focar só na Rocinha por um motivo simples: alguns não tinham dinheiro sequer para pagar a passagem para chegar no Leblon, bairro vizinho.

Flora Cristina (de casaco preto e coque no cabelo) com amigas dando assistência a dois moradores de rua. (Foto: Arquivo pessoal)

Ao chegar nos acessos da Rocinha, Cristina e os amigos se aproximaram e começaram a conhecer as histórias de pessoas que vivem em condições degradantes. “Alguns contam que até tem família, outros explicam seus motivos para estar na rua. Eles ficam ali no mesmo lugar todos os dias, conhecem muitos de nós de vista mas muitas vezes se sentem invisíveis. O sorriso deles ao receber uma comida ou uma roupa de frio não tem preço”, contou Cristina.

Criada numa família com sete irmãos, Cristina já passou por momentos difíceis, apesar da pouca idade. Aos 19, já perdeu pai e mãe, enfrentou e venceu a depressão. Hoje ela está buscando emprego e pensa ainda em voltar a estudar. “Ajudar o próximo pode ajudar a melhorar o mundo”, lembra Cristina.

Dados do IBGE, de 2018, mostram que 19% da população do Estado do Rio de Janeiro vive abaixo da linha da pobreza. São mais de 3 milhões de pessoas vivendo com menos de R$406 por mês. No início do ano, a Prefeitura do Rio assinou uma parceria com o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-HABITAT) para expandir o programa Territórios Sociais, cujo objetivo é reduzir o risco social e melhorar as condições de vida das famílias mais pobres e em situação de maior vulnerabilidade no município. A prefeitura iniciou esta semana a segunda etapa do programa em 10 favelas, incluindo a Rocinha. A expectativa é atender 450 mil pessoas.

Essa é a primeira vez que ela e seus amigos se envolvem em ações desse tipo. Se você quiser colaborar para tornar o aniversário dela ainda mais especial e ainda ajudar um monte de gente, entre em contato com o Fala Roça.

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