Moradores da Rocinha e outras favelas da zona sul frequentam a escola

Juntos somos mais fortes. É exatamente essa a ideia dos mutirões realizados por pais e ex-alunos da Escola Municipal Georg Pfisterer, do Leblon, ao tentar melhorar as condições físicas da unidade.

A ideia do movimento partiu de um grupo de responsáveis, que, preocupados com problemas de conservação da escola, enviou um manifesto para a Secretaria Municipal de Educação para relatar a situação. Em paralelo a essa ação, um grupo de ex-estudantes ficou sabendo de como estava difícil manter a escola limpa e também decidiu ajudar. A organização do movimento foi realizado com o auxílio da internet e foi apoiado pela direção da unidade.

O primeiro mutirão de limpeza ocorreu no dia 15 de julho, com aproximadamente 20 pessoas, que se dividiram entre dois turnos. “Foram recuperadas mesas e cadeiras do primeiro andar que estavam sujas e muito pichadas. As paredes também foram limpas”, diz Diego Buchecha, ex-aluno do Georg Pfisterer, que lidera o grupo de ex-estudantes.

Grupo de ex-alunos e os diretores da escola

Neste sábado, dia 22 de julho, foi realizado um segundo encontro para a limpeza das salas do segundo andar. Os mutirões contam com o apoio da direção da escola, que se prontificou a abrir a unidade aos sábados, durante o recesso escolar, para que o trabalho fosse feito.

Além dos problemas de conservação por falta de recursos, a escola também sofre com a ação de grupos isolados de alunos que cometem atos de vandalismo, como pichações de paredes e quebra de torneiras dos banheiros. “Noventa e nove por cento dos meus alunos são excelentes, ótimos, sozinhos. Mas quando se juntam, eles se escondem no efeito da multidão. Mas nós somos incansáveis. Chamamos os responsáveis uma, duas, três vezes, na tentativa de solucionar o problema”, explica o diretor Marcos Loureiro Madureira, que comanda a unidade desde março de 2016.

Carmen Lúcia é uma das mães que participou do primeiro dia de mutirão e ainda levou o filho Carlos Henrique de 13 anos para ajudar. Carmen passou a ter uma relação mais próxima com a escola depois que o filho começou a apresentar problemas de comportamento. “Nem todos os pais ou mães têm essa consciência. A escola ajuda, mas quem tem que educar os filhos são os responsáveis”, comentou Carmen, que se sente orgulhosa em poder colaborar no mutirão.

Carmen Lucia e o filho Carlos Henrique ajudando juntos

Juan Carlos tem 13 anos, é aluno da escola e também participou do mutirão acompanhado da avó. “A escola é o lugar onde passamos mais tempo. Temos que cuidar desse lugar como cuidamos da nossa casa”, explicou Juan, que acredita que a escola passará a ser mais preservada depois disso e vai ajudar a disseminar essa ideia entre os outros alunos.

Juan Carlos, 13 anos. Aluno da E.M. Georg Pfisterer

Problemas na infraestrutura

Além da dificuldade de manter a escola limpa, mesmo com o trabalho da equipe da unidade, a Georg Pfisterer conta ainda com sérios problemas de infraestrutura, que vem se deteriorando ao longo dos anos. Por falta de recursos, hoje a escola tem vazamentos no telhado, queda das pastilhas e problemas no espaço da escada, com as janelas caindo.

Segundo o diretor da Georg Pfisterer, a escola recebeu duas visitas da Gerência de Infraestrutura e Logística, da Prefeitura do Rio, ainda em 2016, com a promessa de que a unidade tinha sido escolhida para passar por reparos. No entanto, nada foi realizado. No fim do ano passado uma verba foi liberada para o conserto do telhado e para pequenos reparos na escola, para preparar a unidade para o início do ano letivo de 2017.

“Com a verba que recebemos no final do ano passado consertamos um lado do telhado, mas o outro quebrou. Também trocamos vasos sanitários, descarga, desentupimos esgoto, consertamos bomba d’água, tentamos ajeitar o quadro de disjuntores e trocamos as lâmpadas todas. Mas algumas coisas ainda ficaram para serem consertadas, como os aparelhos de data show que estão com problemas de comunicação”, afirma Madureira.

A Secretária Municipal de Educação (SME) foi contactada pela reportagem e informou, por meio de nota, que a E.M.George Pfister e outras cem unidades passarão por reformas ainda esse ano. A prefeitura pretende investir R$ 150 milhões em obras de infraestrutura nas unidades da Rede Municipal. O valor estimado para cada escola está em  R$ 1,1 milhão. Questionada sobre quais reparos serão feitos na E.M.George Pfisterer, a assessoria afirmou que “a previsão é de recuperação da unidade escolar e o projeto está em fase de elaboração”. O direção da unidade, no momento da realização da matéria, não pôde comentar sobre as futuras obras, pois não havia sido notificada ainda.

Conheça o trabalho que os ex-alunos e responsáveis estão fazendo na escola através da página no Facebook: Mão na Massa – Georg Pfisterer.

Veja as fotos do primeiro mutirão:

Colaboraram: Beatriz Calado e Michele Silva  /  Fotos: Allan Almeida

*Atualizado às 11h27 no dia 27/07/17 com nota da Secretaria Municipal de Educação (SME)

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