A Rocinha, considerada um dos bairros que mais gera resíduos na cidade do Rio de Janeiro, recebeu um centro de coletiva seletiva. O projeto ‘Rocinha Recicla’ criado pela empresa canadense Plastic Bank em parceria com SC Johnson, está usando uma metodologia internacional que vai reduzir a chegada de plástico flutuante até a praia de São Conrado.

O projeto instalado no subsolo do Complexo Esportivo da Rocinha, pretende tirar em sua fase inicial, mais de 30 toneladas por mês de plásticos como redes de pesca, garrafas, tampas, bolas , bonecas, brinquedos de borracha, tênis, isqueiros, sacolas e copos.

Cerca de 16 toneladas de resíduos foram retirados da Rocinha em um teste operacional de 15 dias. A fase inicial cadastrou 40 pessoas nomeadas como coletores, responsáveis por fazer o recolhimento dos materiais. A meta da fase inicial é cadastrar 60 coletores.

Andréa Castro de Araújo, moradora da Rocinha, participa há 9 meses do projeto. “Eu creio que as portas vão se abrir quando as pessoas começarem a perceber que o que fazemos é digno. Hoje, muitos precisam de trabalho e o meio ambiente precisa de cuidado.

Coletores já cadastrados na plataforma da Plastic Bank – Foto:Divulgação

Para cada quilo de material coletado, o catador recebe um bônus para promover a sustentabilidade, e esse bônus é acrescido ao seu ganho normal. Todos os resíduos reciclados são rastreados e registrados por meio de uma plataforma protegida por blockchain. A partir disso, o material é processado e reinserido na cadeia de produção global.

“Imagens de ‘onda de plástico’ chegando à praia de São Conrado após tempestades no Rio de Janeiro são comuns e, ano após ano, reforçam a questão do descarte incorreto de resíduos na Rocinha. Isso torna essencial a nossa atuação neste local. Graças à parceria com a SC Johnson, a reciclagem na comunidade gerará impacto ambiental positivo e aumenta a renda dos coletores”, relata Helena Pavese, representante da Plastic Bank no Brasil.

Os catadores também recebem um cartão, podendo ser usado em supermercados. “O meu trabalho mudou a minha vida. No primeiro mês, consegui pagar o aluguel e, a partir daquele momento e até hoje, as minhas necessidades e dos meus filhos são supridas. Hoje, tenho uma vida muito mais digna comparado à quando cheguei na Rocinha.”, lembra Andréa Araújo.

Além da Rocinha, a empresa já tem pontos de coleta em Bertioga e São Vicente, em São Paulo, e em Vila Velha, no Espírito Santo. Desde o fim de 2019, os 4 mil catadores já recolheram 137 milhões de garrafas plásticas no Brasil. A companhia foi fundada em 2013 no Canadá e atua, além do Brasil, na Indonésia, nas Filipinas, no Egito, na Tailândia e em Camarões. Em todo o mundo, a Plastic Bank evitou que mais de 2,5 bilhões de garrafas Pet, ou o equivalente a 50 milhões de quilos de plástico, chegassem aos oceanos.

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