Em tempos de crise energética, uma iniciativa pioneira pretende instalar uma torre de 11 metros de altura no pátio de duas escolas municipais na Rocinha. O projeto Torre Verde vai gerar energia verde através de placas solares, sistema de captação de água de chuva para irrigação, transformação de resíduos orgânicos em adubo através de um processo de aceleração de compostagem e o desenvolvimento de hortas comunitárias, todos reunidos na estrutura de andaimes abertos com 4 pavimentos. 

A área de compostagem no térreo da torre vai processar 15kg em até 45 minutos. Os 1°, 2° e 3° pavimentos, serão destinados a produção de alimentos com as técnicas de hortas comunitárias. No último andar ficaram duas caixas d’água de 500 litros e no telhado, as placas solares que gerarão a energia que será utilizada pela torre. Até a chuva poderá ser reaproveitada sendo captada por uma canaleta, que será utilizada no sistema de irrigação das unidades de  produção alimentar. 

“A ideia é que a gente consiga conscientizar ainda mais as pessoas em torno do colégio, e consequentemente a Rocinha ganhará muito com isso, é fundamental que entendam que a torre irá proporcionar uma economia circular formidável. E ainda iremos capacitar técnicos locais para trabalhar nessa torre.” afirma Mônica Garcia, coordenadora de projetos da ONG Entrelaços. 

Protótipo da Torre Verde que será implantada no pátio de duas escolas municipais na Rocinha.

A testagem da iniciativa na Rocinha pode ser replicada em maior escala caso haja sucesso. Com a implantação de mais torres, futuramente o projeto se mostrará capaz de entrar para o mercado de produção e comercialização de créditos de carbono. A estimativa de redução de resíduo orgânico da Torre Verde é de 135 kg/dia, equivalente a 4 toneladas mensais.

O crédito de carbono é uma tipo de moeda usada no mercado que leva o mesmo nome. A intenção dele é que empresas que apresentam uma taxa de emissão de carbono alta e que ainda não conseguem reduzir consideravelmente esse indicador, comprem créditos de outras empresas.

A proximidade com os alunos do CIEP Dr. Bento Rubião e da E. M. Luiz Paulo Horta permitirá que seja feito um trabalho de conscientização ambiental com as crianças. “É preciso ressaltar que a grande maioria da sociedade  brasileira ainda não tem essa consciência. A partir do momento que não há essa preparação dentro de casa,  toda a sequência na cadeia de reciclagem acaba sendo contaminada.”.

O projeto tem o apoio técnico da ONG Entrelaces – Associação Brasileira de Pesquisa e Projetos em Educação e AAA_Azevedo Agência de Arquitetura, além de consultoria em gestão ambiental da AMB&TECH e Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

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