No Rio de Janeiro, no século 19, um vendedor chamado Belchior criou a primeira loja de venda de roupas e objetos de segunda mão da cidade. Como muita gente tinha dificuldades em pronunciar o nome do vendedor, as pessoas foram chamando-o de diversos nomes, até que chegou a palavra que conhecemos hoje: brechó. Foi assim que esse tipo de comércio surgiu aqui no Brasil fazendo referência à prática de comercializar itens usados.

Mas cá entre nós, os brechós deixaram de ser um lugar de roupas velhas e quinquilharias. No Brasil, segundo pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o mercado de brechós e de venda de produtos usados cresceu 210% nos últimos 5 anos. Os consumidores estão mais conscientes e com menos preconceito em relação a itens de segunda mão. Além disso, as buscas por peças retrôs e vintages estão em alta por conta das últimas tendências de moda.

Apesar do crescimento do setor, o costume de comprar coisas usadas ainda não se tornou tradição no Brasil. Quando esses produtos antigos são vendidos, o preço é praticamente simbólico e a aquisição geralmente é feita por pessoas íntimas de quem está vendendo. O negócio também é feita pelo boca a boca, como foi o caso de Elisangela Barbosa, de 42 anos, que mora na Rua 3, e que já vendeu as próprias roupas.

“Eu fazia brechó de um dia só. Já fiz na casa do meu avô e na minha casa. A primeira vez que fiz o brechó foi para pagar algumas contas. As pessoas valorizam mais o que compram ao invés do que ganham. Mesmo que paguem R$ 2,00 em uma peça”, explica.

Quem preferir ir em um local físico para adquirir peças antigas, nem precisa sair da Rocinha. Aqui mesmo temos brechós que estão atraindo muitos moradores pela qualidade das roupas e, principalmente, por conta das marcas. É possível encontrar peças de grife como Calvin Klein, Lacoste, GAP, Tommy Hilfger entre outras por preços bem em conta.

O brechó da Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, na Fundação, é um dos mais antigo da Rocinha. As roupas são doadas pelos próprios moradores da Rocinha. O preço das roupas varia de R$ 5,00 a R$ 20,00. O brechó funciona de segunda a sábado, de 14h30 às 20h. “Já encontrei muitas roupas boas aqui no brechó, gosto de vir quando chegam novas peças”, conta Manoel Souza, 54 anos.

Mulher avalia uma calça jeans em meio aos cabideiros no brechó da igreja Nossa Senhora da Boa Viagem. (Foto: Rodolfo Menezes)
Mulher avalia uma calça jeans em meio aos cabideiros no brechó da igreja Nossa Senhora da Boa Viagem. (Foto: Rodolfo Menezes)

Outro brechó que vem conquistando clientela funciona na Ação Social Padre Anchieta (Aspa), no Caminho do Boiadeiro. No entanto, existem brechós que não têm lojas físicas, como por exemplo o brechó que funciona embaixo do viaduto próximo ao Centro de Cidadania Rinaldo de Lamare, durante o final de semana.

Para quem procura por peças básicas ou roupas para festas e eventos mais formais, o brechó pode ser uma opção. Sabendo o que comprar e como combinar as peças, é possível montar looks interessantes. Porém, o mais importante é não ter receio de se aventurar.

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