O futebol é o esporte mais praticado nas favelas do Brasil. Neymar, Adriano Imperador, Thiago Silva, Gabriel Jesus, entre outros, correram bastante pelos campinhos de terra batida até serem atletas reconhecidos. Mas nem tudo se resume ao futebol. Nas favelas também tem praticantes de vôlei, basquete, atletismo, natação, skate e muito mais.

Porém, uma pesquisa feita pelo Fala Roça aponta que não existe nenhum espaço esportivo equipado no interior da Rocinha que contempla outros esportes. Ao todo, foram mapeados 15 pontos identificados como praças e quadras poliesportivas. O Parque Ecológico da Rocinha é o único espaço público onde há diversidade de equipamentos esportivos em um mesmo ambiente. Entretanto, está totalmente abandonado pelo governo do estado. 

O Complexo Esportivo da Rocinha não foi considerado no levantamento porque está localizado em São Conrado, no qual moradores relataram dificuldades de deslocamento e desconhecimento sobre inscrições e projetos oferecidos dentro do espaço desde a inauguração, em 2010.

Um relatório feito pelo Trabalho Social do PAC em janeiro de 2010 mostra que já existiram 45 espaços esportivos na Rocinha. Leandro Lima lembra da quantidade de moradores e projetos dedicados a esportes. Ele trabalhou no mapeamento para o governo federal. Hoje, aos 38 anos, o jornalista pontua que os recursos para as favelas sempre foram escassos e muitos aparelhos necessitam de manutenção.

“Hoje temos favelas que possuem quadras de vôlei, de basquete, pista de skate… Mas geralmente ficam largadas e sem a possibilidade de utilização. Pela praticidade que o futebol oferece, os moradores dão um jeito para usufruir do espaço que, infelizmente, fica em desuso para outras modalidades por conta da necessidade de reparos”, destaca Leandro Lima.

Mão na massa

Sem apoio financeiro, muitos projetos sociais ocupam esses espaços esportivos mesmo com falta de estrutura adequada para reduzir a criminalidade e inserir adolescentes e jovens na educação pública.

A praça Jorge Mamão na Curva do “S” é o reduto de skakistas. É a única praça do morro com uma rampa de skate. Vinte anos depois da construção do equipamento, três organizações: ONG SBR, Social Brasil Rocinha e Skatebikeroller, resolveram se unir para reformar o local a fim de atender mais modalidades esportivas.

“A rampa passará por uma grande estruturação e será ampliada em sua extensão para assim, ficar apta e moderna para todos os nossos atletas e também aos alunos da escolinha. Foram 20 anos de correrias para manter a pista de pé, e em seu lugar, não ser construído prédios, casas, bares, puxadinhos”, relata a ONG SBR, nas redes sociais.

Na Quadra da Rua 1, na parte alta da Rocinha, o projeto social Criança do Futuro atende cerca de 200 crianças e jovens. Além do futebol, a secretária Cris Alves, ressalta que os alunos recebem orientações de cidadania e desenvolvimento pessoal. “Qualquer espaço esportivo é de grande importância para crianças poderem ter acesso a lazer e cultura. O esporte em si trás muita produtividade para eles”, afirma.

O que diz a prefeitura

De acordo com a Secretaria Municipal de Esportes, o município administra equipamentos Olímpicos, Paralímpicos, Centros Esportivos, Parques de Lazer e oferece projetos educacionais para a população de forma gratuita. Mas, na Rocinha, não há clareza sobre quais espaços são administrados pelo governo do estado, prefeitura e a associação de moradores.

“A Secretaria de Esportes está sempre pronta para projetos e parcerias que atendam as demandas da população. Queremos e vamos retomar até o final do ano o projeto ‘Rio em Forma’, que foi abandonado nos últimos quatro anos. Em 2016, quando deixamos o governo, chegamos a ter 1,5 mil professores de educação física atendendo mais de 4 mil pontos da cidade. É um projeto diferente da Vila Olímpica, pois a gente leva o professor onde tiver um espaço para atividade física”, conta o secretário municipal de esportes Guilherme Schleder.

E conclui: “Tenho andado em muitos lugares.  Às vezes já há projetos acontecendo e podemos melhorá-los com material mais adequado, o que qualifica as aulas”.

Novas obras

No início de agosto de 2021, a Prefeitura do Rio publicou no Diário Oficial da Cidade a abertura de licitação para a execução de obras de reformas nas quadras da Macega e no Terreirão da Rua 2. Abandonadas pelo poder público, as duas quadras vão receber pisos, alambrados, iluminação, drenagem e piso cimentado para acesso às quadras, pinturas e vestiários com vasos sanitários e instalações elétricas.

A Gerência Executiva Local (GEL) da Rocinha, antiga Região Administrativa, sinaliza que moradores podem fazer solicitações, sugestões, críticas e elogios pelo e-mail gerencia.rocinha.rio@gmail.com

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