“Minha foto no jornal, só se eu morrer ou matar”. Esse é um pensamento comum de uma população acostumada a ser retratada nos jornais com certa frequência, porém sempre nas páginas policiais. Acreditamos no poder da comunicação e como ela pode transformar a nossa percepção em relação ao lugar que vivemos.

O Fala Roça é um jornal impresso e online independente, feito por moradores da Rocinha, entregue de porta em porta, que existe desde 2012 com a missão de contribuir na transformação dessa realidade.

A favela tem muito mais para mostrar. Nossa cultura, representatividade e identidade importam. Pra quem vive na Rocinha é importante reconhecer e celebrar também o que temos de bom, pois isso está diretamente relacionado com o nosso bem estar e autoestima. Para quem vê de fora, é um mundo novo e incrível para conhecer.

O jornalismo tem um papel social muito forte e, durante muito tempo, foi produzido por e para pessoas que não compreendem a complexidade da favela. Só que o mundo mudou e as formas de produzir conteúdo também. Estamos aqui, temos cara, temos voz. Agora quem fala somos nós. Da gente, pra gente e pra quem mais quiser ouvir.

De acordo com o jornalista Michel Silva, muitas pessoas falaram que os jornais impressos iriam acabar nos últimos 10 anos. O Fala Roça mostrou que é possível fazer jornalismo impresso em meio a esse cenário. “O segredo é a representatividade do conteúdo. Nossos leitores tem rostos, vozes e são mal representados na grande mídia. Por isso, o Fala Roça é necessário para mostrar um outro ponto de vista, o olhar de quem mora na favela”, conta Michel Silva.

Uma das fundadoras do jornal, Beatriz Calado, explica que a campanha visa fortalecer o trabalho que o Fala Roça já faz há quase 7 anos. “Os desafios para o jornalismo e a comunicação comunitária não param de crescer e é fundamental que o público tenha veículos nos quais possam confiar, como no Fala Roça. Ainda mais em época de tantas fake news”, diz Beatriz Calado.

Quem somos

O Fala Roça tem uma trajetória de sucesso e, em 2015, se tornou patrimônio cultural da cidade do Rio de Janeiro. Mais de 80% dos nossos ex-alunos das oficinas de jornalismo estão atualmente na universidade, fazendo pré-vestibular ou empreendendo.

Já tivemos apoio da Prefeitura do Rio e de organizações como a Agência de Redes Para a Juventude, Brazil Foundation e do Consulado Americano no Rio de Janeiro. Em apenas seis anos de existência, o Fala Roça é uma das grandes referências em comunicação comunitária na cidade.

Atualmente não contamos com nenhuma fonte de financiamento. Nossa equipe é 100% voluntária. Acreditamos que a figura do comunicador comunitário é imprescindível e queremos dar continuidade às nossas ações.

Temos um grande sonho que é viver da comunicação e estamos cada vez mais perto de realizá-lo. Enfim, poderemos considerar nossa atividade como profissão, não mais como hobby.

Se o comunicador comunitário não tira desse trabalho a condição mínima para sobreviver, ele acaba se empregando numa profissão qualquer e abrindo mão desse papel tão importante na sociedade. Aí o caminho fica livre para a continuidade de um jornalismo distorcido e pouco representativo que vem historicamente sendo feito sobre nós, favelados.

Apoie o Fala Roça e nos ajude a continuar existindo.

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