No meio de um beco íngreme, um recenseador de colete, boné e crachá bateu palmas em frente ao portão de uma casa na tentativa de entrevistar os moradores para o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Ô de casa!”, grita. Em outra viela, o aparelho que coleta os dados é erguido para que possa captar sinal do GPS. Os perrengues são muitos e os desafios também.

Os números divulgados no fim de agosto pelo IBGE apontam cerca de 60 milhões de pessoas no país. Na Rocinha, os recenseadores trabalham para que o número de habitantes seja maior que em 2010, quando o levantamento mostrou que 69.161 pessoas viviam na Rocinha em 23.352 domicílios, o que garantiu ao local o posto de maior favela do país. Apesar disso, os números de 12 anos atrás são contestados até hoje. 

De acordo com o instituto, as favelas, comunidades, vilas, grotas, palafitas e outras denominações são definidas como aglomerados subnormais. “[São] ocupações irregulares de terrenos para fins de habitação em áreas urbanas e que, em geral, são caracterizadas por um padrão urbanístico irregular, carência de serviços públicos básicos e localização em áreas restritas à ocupação”.

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Segundo o agente censitário superior José Bernardo, responsável por uma região da Rocinha, o censo carrega a importância de trazer informações básicas sobre as realidades. 

“O profissional terá acesso aos dados estatísticos, não aos dados específicos. Perguntamos quantas pessoas moram na residência, se as pessoas são idosas, se tem acesso a água, se tem acesso a esgoto, se ela jogam lixo em algum lugar ou o lixo é recolhido nas casas delas, perguntamos o grau de escolaridade, se estão empregadas, teremos essas informações necessárias para a implementação de todas as políticas públicas ou privadas”, diz José Bernardo que enfrenta dificuldades com os moradores por causa da desinformação.

O famoso “boca a boca” aliada a comunicação comunitária são importantes parceiros já que os cortes financeiros do Governo Federal atingem também a comunicação da instituição pública.


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Bater palmas ou gritar pelo morador durante a semana revela um entrave para os agentes censitários. “Muitas vezes as pessoas estão no trabalho. É compreensível, geralmente estão trabalhando e ao voltarem estão extremamente exaustos, e como sabemos que sábado pela manhã é o horário de descanso, vamos num horário mais tarde e cumprimos as demandas.”, explica José Bernardo, também morador da Rocinha. “Você gostaria que em um sábado pela manhã, depois de uma longa semana de trabalho, uma pessoa do IBGE batesse na sua porta? Mas dependendo da situação, se sobrar somente o domingo, vamos aos domingos também.”.

Com os dados coletados pelo censo, é possível entender se a região precisa de maior incentivo de transporte, se há coleta de lixo ou tratamento, se há mais pessoas idosas ou menos em relação ao último censo. Também é possível saber qual o grau de escolaridade em determinadas áreas, informações necessárias para a compreensão e implementação de políticas públicas, se as que estão presentes precisam de maior atenção ou se novas precisam ser criadas para atender a necessidade de todos que moram no território.

José Bernardo também conta que além disso, é fácil identificar os recenseadores. Se a pessoa não se sentir à vontade, ela pode escanear o QR Code existente no colete. Caso não consiga, há o telefone de contato 0800 721 8181. Ao ligar, você pode dar o número de matrícula do agente e a pessoa do outro lado da linha consegue te confirmar as informações”, explica.

Para o gerente de Geografia do IBGE, Cayo Franco, a participação dos movimentos sociais e organizações não-governamentais são fundamentais para o Instituto ter visões de diferentes explicações dos dados, opiniões e sugestões.

“A divulgação dos resultados do próximo Censo inclui uma novidade: a pesquisa urbanística do entorno dos domicílios será feita também nos aglomerados subnormais, com informações como pavimentação, arborização, existência de calçada, bueiro, entre outras”, afirma o gerente de Geografia.

Apesar da importância do censo do governo, nem sempre os dados representam concretamente a realidade da população. Na década de 70, a Pastoral da Igreja Católica junto com moradores fizeram um autocenso em algumas localidades da Rocinha. É um dos principais casos de geração cidadã de dados nas favelas cariocas. A pergunta prioritária do questionário era entender qual o principal problema do morro na época. Os moradores apontaram a falta de uma passarela na autoestrada Lagoa-Barra, via expressa que liga a Barra da Tijuca à zona sul do Rio, porque morria 1 pessoa por semana. 

Após a coleta de dados em uma região da favela, os moradores fizeram uma assembleia para apresentar os resultados da coleta e fizeram um abaixo assinado, pressionando os governantes para instalação de uma passarela. O autocenso foi feito em 1977 e a passarela foi conquistada em 1978.

*Jorge Oliveira, colaboração especial para o Fala Roça sob supervisão de Michel Silva

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