O Complexo Esportivo da Rocinha completou o 14º aniversário no início de março, mas tem pouco o que comemorar. Localizado em um dos acessos à Rocinha, mas fora da favela, o equipamento público está deteriorado e apresenta riscos aos usuários. É o que afirma a Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (SUDERJ), em ofício enviado à Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (EMOP), em 26 de janeiro. 

O campo de futebol está com rachaduras e infiltrações que já atingem o subsolo do espaço, onde funciona a Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC). Quando chove, o vazamento aumenta ainda mais a quantidade de esgoto com lixo, que se acumula perto das salas de aulas, e das quadras de atividades de outros esportes como boxe e tênis de mesa. 

A pista de skate também está com fendas e uma caixa d’água com ferrugem representa um risco iminente de cair e causar um grave acidente. Em média, 300 crianças são atendidas no Complexo Esportivo, parte delas pessoas com deficiência (PCD).  

“Precisa de uma reforma completa. Desde 2010, quando o Complexo foi inaugurado, não houve uma reforma geral, apenas de maneira paliativa. Agora, precisamos de uma obra séria, uma obra emergencial para a gente continuar atendendo as crianças da Rocinha por mais 10 anos. Estamos esperando uma posição da EMOP”, ressalta o diretor-gestor do complexo, Marco Antônio Costa de Oliveira.

Risco de acidente: fendas abertas no gramado sintético a espera de reforma. Foto: Rodrigo Silva

Crianças relatam que já é normal se machucarem no campo de futebol devido a condição irregular do equipamento esportivo. Por isso, algumas deixaram de jogar a modalidade de campo e migraram para o futsal para evitar ferimentos. Atletas afirmam que cobram há três anos por manutenção nas pistas de skate.

“Nunca houve uma reforma na pista de skate, bike e patins, sempre foi só tapado os buracos. Ano passado, teve dois acidentes. Um deles acabou com uma criança skatista quebrando o braço por conta da falta de manutenção na pista. Nós [atletas] estamos há três anos cobrando por obras e manutenção”, reclama Leony Vidal, 34 anos, coordenador da ONG Skate Bike Roller (SBR).

“Já perdemos 6 rampas móveis por conta da chuva. Ano passado, tinham iniciado uma obra de reparação das rachaduras na pista de skate, mas não taparam os buracos e isso causou mais acidentes. Nós tivemos que comprar cimento para tapar os buracos”, explica Vidal. 

Uma das únicas pistas de skate da Rocinha sofre com a falta de manutenção. Foto: Rodrigo Silva

E completa: “Temos pistas móveis no subsolo do estacionamento, mas quando chove, alaga tudo e vira uma extensão da vala que passa perto. Acaba que não conseguimos praticar o esporte”.

O Complexo Esportivo da Rocinha tem 14 anos e custou aos cofres públicos R$ 271 milhões de reais. A obra foi realizada pelo governo federal através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no segundo mandato do presidente Lula (2007-2010). 

Dentro do equipamento esportivo e educacional são oferecidas aulas de natação, judô, jiu-jitsu, futebol, futsal, tênis de mesa, capoeira, basquete e skate. O centro esportivo também foi palco de eventos importantes como a Copa Léo Moura, em parceria com o Serviço Social do Comércio (SESC), além de cursos de capacitação e ações culturais.

Caixa de água com sinais de ferrugem próximo ao espaço utilizado pelo Instituto Reação, nos fundos do Complexo Esportivo da Rocinha. Foto: Rodrigo Silva

Porém, moradores da Rocinha relataram desconhecimento sobre as atividades ofertadas e dificuldade de deslocamento. Para quem mora na parte alta do Morro, o percurso é de 45 a 50 minutos a pé para chegar no Complexo.

Jovens da Rocinha também reclamam da burocracia para usar o equipamento público. “Nosso sonho é ter uma pelada no campo do Complexo, mas a burocracia pra conseguir [usar] é complicada. Costumamos jogar futsal em um condomínio em São Conrado”, conta Alisson Leroy, de 23 anos, morador da Raiz, parte baixa do morro.

O Fala Roça entrou em contato com a EMOP para saber sobre as obras de manutenção no Complexo Esportivo da Rocinha. Porém, o órgão não enviou qualquer nota ou resposta. 

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