Amigos recriam projeto de atletismo para crianças e jovens na Rocinha

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Crianças e jovens correndo na favela às vezes podem ser associados como um ato de proteção em meio a violência. Para três amigos esportistas e moradores da Rocinha, o ato de correr rompe o questionamento do “Tá correndo por que?”. 

Danrley Ferreira (22), David Magno (22) e Anderson André (26) são atletas da equipe Rocinha. A vontade de repassar o conhecimento de atletismo que receberam no passado fez com que retomassem o projeto Rocinha Correndo Pro Futuro, criado há 8 anos. Em 2021, o grupo voltou a ensinar as práticas de corridas para crianças e jovens entre 12 e 18 anos na praia de São Conrado, há cerca de 1 quilômetro da favela.

Anos atrás, os três jovens recebiam material esportivo e cesta básica mensal para continuar nos treinos. “O projeto parou por falta de apoio porque a vida de todo mundo mudou, todo mundo cresceu né e não tinha mais ninguém pra dar continuidade”, lembra Danrley Ferreira, conhecido por ter participado do reality Big Brother Brasil em 2019. 

Na nova fase do projeto, os treinos serão comandados pelo ex-fuzileiro naval e atleta de triathlon Percy Justino, de 58 anos, que ajudou na formação do trio que hoje coordena o projeto. Ele compara o momento atual como um déjà vu e vê a oportunidade de continuar formando novos atletas. 

“É uma sensação ímpar, única porque mexe lá atrás na minha história de vida. Eu comecei a correr muito pequeno e na minha época não tinha as oportunidade que os garotos que eu treinei há oito anos atrás tinha. É um prazer imenso poder compartilhar toda a minha experiência e conhecimento que eu tive na prática e na vivência. Estamos começando uma nova geração de crianças e adolescentes e fazer uma nova história com eles”, exalta Justino.

Os três amigos ao centro participam de uma prova de corrida no Rio de Janeiro. Foto: Arquivo pessoal/David Magno

Para David Magno, de 22 anos, a expectativa é que os alunos possam fazer novas amizades, participar de competições e encararem o atletismo como uma outra opção de esporte. “Eu por exemplo comecei a correr quando tinha 12 anos e conheci o Danrley um ou dois anos depois. Daí surgiu esse projeto e a gente foi conhecendo mais pessoas e tivemos essa oportunidade. Eu já joguei bola, já tentei jogar vôlei e o atletismo foi o que mais me chamou a atenção por poder tá ali com uma galera, correndo em grupo também e é uma coisa diferente, sabe?”, conta David Magno.

Embora a fase inicial do projeto seja passar os ensinamentos do atletismo, o Correndo Pro Futuro também pretende oferecer apoio psicológico e psicopedagógico para acompanhar o desenvolvimento infantil nas escolas, além de outras atividades socioeducacionais, como ida a teatros e cinemas.

A oportunidade de experimentar é o lema de Anderson André. Desde o anúncio do retorno do projeto, o aumento na procura por inscrições vem surpreendendo o grupo. Por meio do boca a boca, familiares também ajudam na divulgação. “A gente vai indo atrás de pessoas perguntando se alguém conhece alguém e vai procurando também primos, vizinhos e parentes. Às vezes a gente fica com vontade de parar as pessoas na rua perguntando se quer praticar com a gente”, brinca Anderson André que trabalha como faxineiro de dia e a tarde como garçom.

Os treinos com os inscritos irão ocorrer, inicialmente, toda terça e quinta-feira, às 16:30h, na praia de São Conrado. As pessoas interessadas em participar devem mandar uma mensagem na página do projeto no instagram.

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